Fui ver recentemente a adaptação de Watchmen ao cinema. Ok, infelizmente em Alemão, como não podia deixar de ser, mas o conhecimento da obra de BD (que não proclamo ser ultra-extenso, como muitos fanboys na net, uma vez que já se passou algum tempo desde a última leitura que fiz) foi mais que suficiente para fazer as comparações necessárias entre o livro e o filme.
Fiquei bastante agradado, principalmente tendo em conta a dificuldade que é adaptar uma obra extensa, com bastantes linhas narrativas, flashbacks e pormenores contidos no original.
O facto de que a minha namorada, que não conhece o original nem é particularmente fã de filmes de ficção científica ou de super-heróis, conseguiu apreciar o filme e não se mostrou demasiado confundida com o enredo, é sinal claro que a equipa do filme conseguiu um filme coerente e a funcionar relativamente bem de forma independente. Aliás, a leitura do review de Roger Ebert, conhecido e reputado crítico de cinema, também ele desconhecedor da obra original, leva à mesma conclusão.
Gosto do estilo visual de Zack Snyder e aprecio bem mais o seu estilo de filmar/editar e coreografar as cenas de luta, do que o estilo confuso de Christopher Nolan. Aliás, este é o único problema que encontro em Nolan.
Tenho no entanto alguns detalhes a apontar que, na minha opinião, poderiam ter sido melhor executados:
- um deles é o Dr. Manhattan, cuja figura poderia ter sido melhor integrada no filme, embora admita que o brilho que o seu corpo emite, e a que os nossos olhos não se encontram naturalmente habituados, denuncia de forma mais flagrante que a personagem é digital. Ainda assim, preferia ver a musculatura da personagem reduzida, de forma a conseguir uma figura mais elegante e natural. Concordo que a personagem é musculada na obra original, mas em termos de filme, creio que o "efeito digital" da personagem poderia ser atenuado através de uma silhueta um pouco mais moderada;
- não gostei muito do actor escolhido para fazer de Ozymandias. Achei o casting, de forma geral muito bem feito, com os actores bem adaptados às personagens, mas o semblante de Matthew Goode não encaixa bem com a figura da BD e a arrogância na sua interpretação de Veidt está um pouco distanciada do narcisismo racional e o semblante de naturalidade quase inocente com que Veidt se apresenta na BD;
- a alteração do final deixa sempre um saborzinho amargo na boca, principalmente quando o resto do filme denota um esforço grande para se manter fiel à BD, mas admito que funciona bem na mesma e não retira valor ao conceito presente no livro.
Bem, com apenas um visionamento, é-me difícil escrever mais, e acredito que até seja uma benção, para quem se arriscar ao aborrecimento de tão longo post. Resta-me aguardar até poder ver o filme de novo, agora em Inglês (possivelmente o Director's Cut, anunciado também para cinema mas com data ainda incerta, se não me engano), para ver se me "dá na tola" para escrever algo mais.
Fiquei bastante agradado, principalmente tendo em conta a dificuldade que é adaptar uma obra extensa, com bastantes linhas narrativas, flashbacks e pormenores contidos no original.
O facto de que a minha namorada, que não conhece o original nem é particularmente fã de filmes de ficção científica ou de super-heróis, conseguiu apreciar o filme e não se mostrou demasiado confundida com o enredo, é sinal claro que a equipa do filme conseguiu um filme coerente e a funcionar relativamente bem de forma independente. Aliás, a leitura do review de Roger Ebert, conhecido e reputado crítico de cinema, também ele desconhecedor da obra original, leva à mesma conclusão.
Gosto do estilo visual de Zack Snyder e aprecio bem mais o seu estilo de filmar/editar e coreografar as cenas de luta, do que o estilo confuso de Christopher Nolan. Aliás, este é o único problema que encontro em Nolan.
Tenho no entanto alguns detalhes a apontar que, na minha opinião, poderiam ter sido melhor executados:
- um deles é o Dr. Manhattan, cuja figura poderia ter sido melhor integrada no filme, embora admita que o brilho que o seu corpo emite, e a que os nossos olhos não se encontram naturalmente habituados, denuncia de forma mais flagrante que a personagem é digital. Ainda assim, preferia ver a musculatura da personagem reduzida, de forma a conseguir uma figura mais elegante e natural. Concordo que a personagem é musculada na obra original, mas em termos de filme, creio que o "efeito digital" da personagem poderia ser atenuado através de uma silhueta um pouco mais moderada;
- não gostei muito do actor escolhido para fazer de Ozymandias. Achei o casting, de forma geral muito bem feito, com os actores bem adaptados às personagens, mas o semblante de Matthew Goode não encaixa bem com a figura da BD e a arrogância na sua interpretação de Veidt está um pouco distanciada do narcisismo racional e o semblante de naturalidade quase inocente com que Veidt se apresenta na BD;
- a alteração do final deixa sempre um saborzinho amargo na boca, principalmente quando o resto do filme denota um esforço grande para se manter fiel à BD, mas admito que funciona bem na mesma e não retira valor ao conceito presente no livro.
Bem, com apenas um visionamento, é-me difícil escrever mais, e acredito que até seja uma benção, para quem se arriscar ao aborrecimento de tão longo post. Resta-me aguardar até poder ver o filme de novo, agora em Inglês (possivelmente o Director's Cut, anunciado também para cinema mas com data ainda incerta, se não me engano), para ver se me "dá na tola" para escrever algo mais.
6 comentários:
Olá!
Este fim-de-semana finalmente fui ver o filme!
Gostei muito, muito mesmo...mas como não conheço a BD, não encontro diferenças.
Graças a este filme, alguém vai vender mais um livrinho! Estou mesmo curiosa e não vou esperar, ou procurar, pela BD em português.
Vou mandar para o espaço a minha preguiça em ler em inglês.
(E o preço provavelmente também é mais em conta no original que na tradução!)
Bjs e abraços
Cristina
Concordo em pleno com tudo o que dizes, principalmente, no que diz respeito ao Manhattan (a artificialidade do "boneco" já não se usa nos tempos que correm) e a Ozymandias (personagem que, na totalidade do elenco, mais me chocou pelo inegável semblante de vilão, logo no início do filme - mesmo quem não conhece a BD percebe, imediatamente, onde está o mau da fita).
Não percebi, no entanto, a questão do final alterado - consegues ser mais específico?
Abraço!
Desculpem a intromissão, mas imagino que se refira à opção de substituir a (suposta) invasão alien da BD pelas explosões nucleares (supostamente) provocadas pelo Dr. Manhattan.
Ok, percebi. Confesso que já li a BD há mais de 15 anos (uma edição brasileira) e, desde então, nunca mais a reli.
Embora tivesse gravada na memória a imagem de uns tentáculos em meio à destruição, algo me fez "recalcar" o contexto em que se inseriam.
Abraço!
Exactamente, caro Mário. A intromissão é sempre bem-vinda, principalmente quando tão correcta!
Eu próprio não tinha o final original tão presente na memória, mas um artigo lido antes do filme já tinha deixado no ar a dica. Mas como disse no post, não retira mérito à adaptação e espero ansiosamente pela oportunidade de rever o filme. O "Tales of the Black Freighter" pode ter de esperar um pouco, mas também não queria passar-lhe ao lado.
Na verdade depois de ter visto o filme e ter ficado com algumas dúvidas sobre a fidelidade do argumento, reli o livro (que por acaso também é uma versão brasileira, prestes a desfazer-se). Daí ter o final tão presente...
Abraço.
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