terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Watchmen cancelado?

(Atenção: nenhum dos dados deste post foi retirado de fontes oficiais e, como todo o bom rumor não confirmado, poderão não ser válidos!)

Pois é, na minha habitual deambulação mensal ao "Mundo Encantado dos Brinquedos" (leia-se comic store) onde eu e os da minha espécie encetamos, por vezes, animadas tertúlias de 15 minutos (das quais todo o tipo de informação inútil, mas interessantíssima, costuma brotar) descubro que, prontinho a estrear, Watchmen poderá não ser exibido, visto a Fox, aparentemente, ter conseguido uma leitura de sentença favorável por parte dos tribunais.

Para quem não faz a mínima ideia do que estou a falar, de forma muito sucinta (até porque os contornos desta questão são, previsivelmente, obscuros), o que se passa é o seguinte: aparentemente, os direitos de rodagem de Watchmen adquiridos pela Warner Bros. ainda pertenciam à Fox - o mais irónico é que a BD na qual o filme se baseia foi publicada pela DC Comics, uma empresa do grupo Time Warner.
Assim sendo, a queixa apresentada pela Fox foi deferida judicialmente, impedindo a estreia da película. A forma de contornar esta situação, poderá passar por uma de duas alternativas (mais ou menos) dolorosas para a Warner Bros. - ou interpõem um recurso que (claro está!) poderá levar anos a resolver ou aceitam pagar os 300 milhões de dólares que a Fox exige como compensação para a exibição do filme.

Os comentários, deixo-os para vocês...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Uma prenda inesperada

A empresa Everything is New já tem disponível uma lista de algumas bandas que vai trazer cá a Portugal no próximo ano. Devo dizer que fiquei maluquinha quando soube que vêm cá os Tindersticks e Antony and the Johnsons. Infelizmente, e como já vai sendo hábito, os Tindersticks (que vêm cá em Fevereiro), vou actuar em Lisboa e também em Ponta Delgada. Nada cá para o norte! Felizmente, nem tudo é mau... Os Antony and the Johnsons vêm ao Coliseu do Porto, dia 18 de Maio.

Pelo sim, pelo não, já tenho bilhete reservado e, se tudo correr bem, mais logo já o terei nas minhas mãos!

E ainda dizem que o Pai Natal não existe...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A blast from the past...


Um velho "semi-conhecido" apareceu de súbito nas ruas de Leipzig, no meio de um mercado tradicional no centro da cidade.

Uma performance extraordinária (a julgar pela entusiasmada reacção da meia idade pedonal e do segmento pensionista, sempre presentes nestes locais) fez por justificar uma data de fotos para a posterioridade.

10 pontos (não sei de quê, nem para que servirão) para quem reconhecer a figura e 5 pontos extra para quem reconhecer os cromos adicionais!

A pista na imagem relativa ao protagonista pode ser reveladora!

O concurso não tem data limite e não contamos com a presença de um representante do Governo Civil, porque gente dessa não entra nesta casa decente!

Procura-se:

Sócios maioritários do empreendimento de gestão hoteleira Pensão Estrelinha procuram accionistas para constituição de novos órgãos administrativos da empresa supra-citada.

Oferece-se: tolerância e estabilidade.
Exige-se: ASSIDUIDADE.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Falar p'ro boneco! # 3

Este já cá canta! Adoro as proporções exageradas, tipicamente nipónicas.












Manga Spawn 2, referente à linha Spawn Series 34: Classics, de 2008, da (obviamente!) McFarlane Toys.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Discos Pedidos # 13

A música que coloco aqui é uma daquelas que considero perfeita. Melodia irrepreensível, letra brilhante, enfim, um resultado excelente. Uma sonoridade elegante, um pouco mundana e cosmopolita que, bem vistas as coisas, são uma característica dos The Divine Comedy. Uma banda subvalorizada e que devia andar sempre no nosso mp3. Espero que gostem!


The Divine Comedy - "A Lady of a Certain Age"

A Lady Of A Certain Age

Back in the day you had been part of the smart set
You'd holidayed with kings, dined out with starlets
From London to New York, Cap Ferrat to Capri
In perfume by Chanel and clothes by Givenchy
You sipped camparis with David and Peter
At Noel's parties by Lake Geneva
Scaling the dizzy heights of high society
Armed only with a cheque-book and a family tree

You chased the sun around the Côte d'Azur
Until the light of youth became obscured
And left you on your own and in the shade
An English lady of a certain age
And if a nice young man would buy you a drink
You'd say with a conspiratorial wink
"You wouldn't think that I was seventy"
And he'd say,"no, you couldn't be!"

You had to marry someone very very rich
So that you might be kept in the style to which
You had all of your life been accustomed to
But that the socialists had taxed away from you
You gave him children, a girl and a boy
To keep your sanity a nanny was employed
And when the time came they were sent away
Well that was simply what you did in those days

You chased the sun around the Côte d'Azur
Until the light of youth became obscured
And left you on your own and in the shade
An English lady of a certain age
And if a nice young man would buy you a drink
You'd say with a conspiratorial wink
"You wouldn't think that I was sixty three"
And he'd say,"no, you couldn't be!

Your son's in stocks and bonds and lives back in Surrey
Flies down once in a while and leaves in a hurry
Your daughter never finished her finishing school
Married a strange young man of whom you don't approve
Your husband's hollow heart gave out one Christmas Day
He left the villa to his mistress in Marseilles
And so you come here to escape your little flat
Hoping someone will fill your glass and let you chat about how

You chased the sun around the Côte d'Azur
Until the light of youth became obscured
And left you all alone and in the shade
An English lady of a certain age
And if a nice young man would buy you a drink
You'd say with a conspiratorial wink
"You wouldn't think that I was fifty three"
And he'd say,"no, you couldn't be!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Última morada

Infelizmente, as visitas regulares ao cemitério passaram a fazer parte da minha vida. E ao longo deste tempo, não pude deixar de reparar que as pessoas têm pouquíssima imaginação no que diz respeito à escolha das inscrições tumulares. São todas muito parecidas e todas igualmente sem graça e até, como dizer, parvas: “Eterna saudade de…”, “Ficarás para sempre no nosso coração”, “Última recordação de sua família”, etc, etc…
Eu sei bem por experiência própria que quando se perde alguém muito próximo não há grande discernimento para arranjar uma frase interessante e original para servir de epitáfio. Normalmente, o que acontece é seguir-se uma das sugestões dadas por quem irá fazer a respectiva inscrição, o que não costuma ser um bom prenúncio, ou então percorrer o cemitério local e procurar nas sepulturas de mortos desconhecidos frases que definam o que sentíamos por quem perdemos (o que, convenhamos, é um programinha social pós-notícia de morte e pré-enterro bem catita!). Regra geral, o resultado costuma a ser piroso e de gosto duvidoso.
Quanto a mim, o ideal seria recorrer a uma empresa ou agência e dar aos profissionais todos os dados relativos à pessoa falecida. Estas agências seriam uma mistura entre agências de viagem e mediadores imobiliários – tratariam da nossa última viagem e também da nossa última morada. (E poderíamos ter algo como Agência de Viagens Abreu – o limite é o Céu; ou imobiliárias Já Era!). Desta forma, estes profissionais poderiam pôr toda a sua criatividade a funcionar e criar algo único e surpreendente. Mas tanto quanto sei, não existem estabelecimentos deste género, o que mostra a falta de visão dos nossos investidores e revela a minha excepcional capacidade para singrar no mundo empresarial (infelizmente, mais ninguém a vê).
As pessoas já fazem testamentos e já compram sepulturas antecipando o que sabem ser certo. Mas propunha que se fosse um bocadinho mais além e cada um de nós registasse também o que pretende que esteja escrito no seu próprio epitáfio, para evitar que lugares-comuns façam parte da nossa última morada. Eu, pelo sim pelo não já fiz uma lista de algumas frases que não me importaria de ver escritas na minha lápide:
"A morte fica-te tão bem!"
"Desconhecido nesta morada."
"Para qualquer informação, dirija-se à campa ao lado."
"Volto já!"
"Vende-se lugar. Boa vizinhança."
"Por favor, faça pouco barulho. Estou a tentar descansar."
"Eu não pedi para cá estar…"
"Aberto todos os dias das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00."
"Eu não sou de cá. Estou só de passagem."
"Encerrado para descanso do pessoal."
"Mãe, estou aqui!"
"Capacidade: 4 lugares deitados."

Aceitam-se mais sugestões. (E também um sócio com capital…)

Mentes mesmo (?) brilhantes – os prémios IgNobel

Os prémios IgNobel são, à semelhança do que acontece com os Nobel, prémios atribuídos anualmente a investigadores que viram os seus trabalhos publicados em revistas prestigiadas internacionalmente. No entanto, estes visam premiar as descobertas/conclusões mais incríveis que, segundo os organizadores, "nos fazem rir e depois pensar". Estes prémios são atribuídos pela revista humorística Annals of Improbable Research e a edição deste ano (18.ª) atribuiu os seguintes galardões:
IgNobel da Economia – atribuído a investigadores que estudaram os efeitos do ciclo ovulatório nas gorjetas das dançarinas de bar (durante a ovulação há mais gorjetas e as dançarinas que usam pílula não tiveram oscilação de gorjetas durante o ciclo menstrual).

IgNobel da Química – atribuído a dois artigos contraditórios sobre os efeitos espermicidas da Coca-Cola. O primeiro foi publicado por cientistas americanos no New England Journal of Medicine, em 1985, defendendo esses efeitos; e o segundo, publicado por investigadores de Taiwan na Human Toxicology, em 1987, dizendo exactamente o contrário.

IgNobel da Biologia – atribuído a três investigadores franceses por descobrirem que as pulgas que vivem nos cães saltam mais alto do que as pulgas que vivem nos gatos. (Artigo publicado na revista científica Veterinary Parasitology em 2000.)

IgNobel da Nutrição – atribuído aos investigadores Massimiliano Zampini, da Universidade de Trento, em Itália, e Charles Spence, da Universidade de Oxford, por estudarem a forma para modificar electronicamente o som de uma batata frita de forma a parecer mais estaladiça e fresca do que realmente é. (Publicado no Journal of Sensory Studies, em 2004)

IgNobel da Arqueologia – atribuído a dois investigadores brasileiros pelo artigo "O papel dos armadillos no movimento dos materiais arqueológicos: uma abordagem experimental". (Publicado na Geoarchaeology, em 2003)

IgNobel da Paz – atribuído ao Comité Federal Ético da Biotecnologia Não-Humana da Suíça por adoptar o princípio legal de que as plantas têm dignidade.

IgNobel da Medicina – atribuído a Dan Ariely da Duke University, que demonstrou que os remédios falsificados mais caros produzem mais efeito do que os remédios falsificados mais baratos. (Publicado no Journal of the American Medical Association)

IgNobel da Ciência Cognitiva – atribuído a dois investigadores japoneses e um húngaro que descobriram que os micetozoários, uma espécie de amiba, conseguem resolver puzzles. (Publicado na Nature em Setembro de 2000)

IgNobel da Física – atribuído a dois investigadores americanos que conseguiram provar matematicamente que fios de cordel ou cabelo acabam inevitavelmente por se embaraçar. (Publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences, em Novembro de 2007)

IgNobel da Literatura – atribuído a David Sims, da Cass Business School, em Londres, pelo seu estudo sobre a experiência da indignação dentro das empresas. (Publicado na revista Organization Studies, em 2005)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

That leaving feeling…

Porque, de vez em quando, todos temos vontade de partir, de deixar tudo para trás, de fugir do passado e do futuro.

A música é de Stuart Staples (Tindersticks), do seu 1.º álbum a solo e tem a participação especial de Lhasa de Sela. Acho que o dueto funciona muito bem e é neste registo que gosto de ouvir Lhasa (que me perdoem os verdadeiros fãs dela, mas não gosto particularmente do exercício vocal que ela costuma fazer, levando a voz mais ao limite, mas o defeito há-de ser meu, com certeza).


Stuart Staples com Lhasa de Sela – "That leaving feeling"

"That leaving feeling"

Stuart Staples:
I get that leaving feeling
This time it's here to stay
I've been weighing up the pulling
And pushing me away
The past is so heavy
But it's something I can't leave
And this future is so certain
It just pushes me to my knees

Lhasa:
Is that your heart talking
Or just that befuddled mind
The people that you love
They change when you leave them behind

Stuart Staples:
But this rope that is pulling
Is whittled down to a thread
And if I don't start climbing
Pretty soon it'll be over my head

Lhasa:
We all have dreams of leaving
We all want to make a new start
Go and pack a little suitcase
With the pieces of our hearts
All those worries and those sorrows
We can just toss them away
Buy a coffee and a paper
And go step on to a train

Stuart Staples:
But I've been too long wandering
Limping around this town
With everything that's pulling me
Is pulling me further down

Lhasa:
Go make all your excuses
Go say all your goodbyes
But take a look in the mirror
It's the hardest one you'll ever find
All those worries and those sorrows
You can just toss them away
Go find a new tomorrow
And forget about your yesterdays
So go and pat your kids
And kiss your dog goodbye
Leave your keys on the nail
With the sadness that's in your eyes

Stuart Staples:
Maybe tomorrow, today looks like it's bringing rain
And I'll leave everything in order
I don't want nothing standing in my way
There are jobs that need tending
And the logs that are waiting to stack
And I'll leave everything in order
I don't want nothing that's going to hold me back

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Anacronismos...

Hoje, ao início da tarde, sentia-me mais ou menos assim (com as devidas distâncias, é claro, que para chegar à beleza e à elegância de Audrey Hepburn, teria um longo caminho a percorrer)…

Ao dirigir-me ao meu local de trabalho, senti que eu não sou verdadeiramente eu, que este não é o meu tempo e nem o meu espaço. O meu eu usa um elegante vestido preto com a cintura bem definida, uns sapatos vermelhos de salto alto e toma o pequeno-almoço no Tiffany’s. E o meu eu tem, pelo menos hoje, esta banda sonora:


Dusty Springfield - "I only wanna be with you"


The Ronettes - "Be my baby"


The Beatles - "I wanna hold your hand"


Juliette Gréco - "Sous le ciel de Paris"

Sinto uma verdadeira nostalgia de um tempo que não vivi e não foi meu…

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

"A morte é uma puta!"

Esta Pensão tem estado, a modos que, abandonada (o que me leva a questionar a pertinência da presença de certos gerentes... É só uma piada…). Não reflecte falta de interesse, é antes o reflexo de momentos menos felizes em termos familiares. Bem sei que isto é suposto ser um espaço mais descontraído, mas nem sempre estamos para aí virados. Também sei que isto não é um diário (muito menos um confessionário), mas também sei que as pessoas que partilham este espaço comigo (gerentes e os poucos hóspedes) são amigos ou próximos disso, pelo que nos une se não amor e carinho, pelo menos um grau mínimo de preocupação e empatia. Isto tudo só para avisar que este é um post catártico – às vezes é preciso exteriorizar o que nos rói por dentro e nem sempre há dinheiro para psiquiatras. Quem quiser, está muito bem a tempo de parar de ler.
Quem me conhece sabe que este último ano foi, desculpem-me a expressão, um ano de merda. A morte inesperada e absurda da minha mãe abalou toda a minha estrutura familiar e de uma forma que não me parece, de todo, remediável (talvez suportável). Os dias que se seguiram tornaram-se toleráveis com a ajuda de algumas pessoas de família e de poucos amigos. Como é habitual, este tipo de acontecimentos mostra bem quem está à nossa volta: os que considerava amigos, assim o foram; outros que via como potenciais amigos revelaram que nunca poderiam ser mais do que colegas. Os dias foram sendo ultrapassados com incredulidade (que dura até hoje), com muitas lágrimas (a maior parte delas escondidas) e, infelizmente, com poucas palavras. Nunca falei da minha mãe o quanto queria – todos à minha volta acreditavam (parece-me…) que evitar o assunto era menos doloroso. Não pareciam compreender que eu gostava de falar dela… Doloroso? Talvez, mas menos do que ignorar, menos do que a guardar só para mim.
Um ano ainda é muito pouco para a conseguir recordar apenas com saudade tranquilizadora, com ternura apaziguadora – há ainda muita revolta a contaminar. Mas espero que com o tempo as memórias se tornem mais pacificadoras. Enquanto isso não acontece, partilho convosco algumas das coisas boas que já me fazem sorrir um pouco ao lembrar-me dela:
as histórias que ela me contava dos dias em que era delegada sindical e se empenhava na luta pelos direitos de todos (característica tão dela…);
os momentos que passámos desde que era pequena nas remodelações constantes da casa de que ela tanto gostava;
as incursões sempre imprevisíveis que fazíamos em Dezembro para encontrar musgo para o presépio;
o presépio que ela criou e que era absolutamente único, pois tinha tinha 3 reis magos pretos (quando os foi comprar não havia brancos, e é claro que isso para ela não era entrave…), um galo de Barcelos em cima da cabana onde estava a manjedoura, um estrunfe Pai-Natal e, mais recentemente, algumas ovelhas sem cabeça, fruto de um pequeno acidente;
os terríveis cortes de cabelo que ela insistia em fazer-me quando era pequena e que eu odiava profundamente;
a adoração que ela tinha pelo Amor de Perdição e pela Rosa do Adro, assim como pelo Zeca Afonso e pelo António Correia de Oliveira e tudo o que fosse música de intervenção;
a voz fantástica que ela tinha e que me habituei a ouvir desde pequena – tinha um talento natural e sempre que podia cantar em público e havia alguém com uma guitarra, lá cantava ela, com a voz a pender para o fado.
São apenas algumas coisas, mas são coisas boas demais para ficar guardadas. E não foi fácil fazê-lo durante um ano.
E por vezes o tempo não dá tréguas… A semana passada morreu o meu avô materno. Obviamente, não foi um choque, mas foi difícil. Por tudo o que se passou anteriormente, por ter sido no mesmo mês e por ter sido quase determinado pelo que aconteceu antes. Coincidências, ironias… O funeral da minha mãe foi no dia anterior aos anos do meu avô – que pai passa por isto incólume? O que é certo é que tal provação num homem saudável até então acordou uma doença que, segundo os médicos, já lá estava, mas adormecida. E o determinou o desfecho. Sabem, gosto da ideia de que ele morreu de amor, à semelhança do que aconteceu com o poeta Drummond de Andrade que morreu pouco depois da morte da filha. E, perdoem-me o tom negro, foi o único a ter coragem de fazer o que muita gente na família faria se pudesse…
Fico com uma óptima lembrança do meu avô, de quem muito gostava: lembro-me com muito carinho de quando era pequena e ele me ensinou a fazer moreias com as canas do milho depois de apanhado, ficando o campo enorme cheio do que pareciam ser pequenas tendas de índios; lembro-me de ter aprendido a jogar à sueca com ele (e que bem que ele jogava); e ficará para sempre a pequena mitologia familiar que ele criou à sua volta – acreditava, há anos, que iria morrer em Agosto e, por isso, sempre que passava esse mês, ele ficava descansado pois tinha imunidade para mais um ano. E, ano após ano, toda a família brincava com isso, mas no fundo todos nós acreditávamos um pouco nessa verdade criada por ele. É pena que não se tenha cumprido…
Enfim, isto não serve para me lamuriar, nem nada que se pareça. Queria apenas partilhar com alguém estas pessoas e não mantê-las guardadas dentro de mim. Não é justo para mim, nem para elas. O povo gosta de dizer que as coisas más têm sempre um lado bom, um ensinamento. Ainda gostava que alguém me explicasse o que de bom se tira da morte de boas pessoas… Como diz Lobo Antunes, "a morte é uma puta". O máximo que se pode fazer é dar mais importância às pessoas do que à morte. E fazê-las sobreviver à morte, e não enterrá-las com ela, é um bom princípio.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

"Oh, look at all the lonely people..."

Porque às vezes a solidão pode matar...

(É uma das minhas músicas preferidas dos Beatles. E sei que é a tua, Curufinwë.)

The Beatles - "Eleanor Rigby"

Eleanor Rigby

Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people

Eleanor Rigby picks up the rice in the church where her wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door
Who is it for?

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Father Mackenzie writing the words of a sermon that no one will hear
No one comes near.
Look at him working. Darning his socks in the night when there's nobody there
What does he care?

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Eleanor Rigby died in the church and was buried along with her name
Nobody came
Father Mackenzie wiping the death from his hands as he walks from the grave
No one was saved

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

Tim e Alice

Os fãs de Tim Burton devem saber que este está a adaptar para cinema Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Isto deixa-me extremamente feliz! O livro de Lewis Carroll é um dos livros da minha vida e Tim Burton é um dos meus realizadores de eleição. A actriz escolhida para fazer de Alice é a australiana Mia Wasikowska e Johnny Depp será o Chapeleiro Louco. São notícias boas demais para assimilar de uma só vez... Ainda não há muito a mostrar do filme excepto as fotos em baixo. Espero que sejam suficientes para matar a curiosidade.

Novo trailer de The Spirit

E também já é possível ver o mais recente trailer do filme The Spirit, baseado na BD homónima de Will Eisner e realizado por Frank Miller. Gosto...



The Spirit - Frank Miller

Novo trailer de The Curious Case of Benjamin Button

Já está disponível um segundo trailer (não sei se o último) do mais recente filme de David Fincher, com Brad Pitt e Cate Blanchet. Promete!



The Curious Case of Benjamin Button - David Fincher

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Falar p'ro boneco! # 2

Uma das minhas figuras favoritas.












Spawn, the Black Knight, produzido para a linha Spawn Series 26: The Art of Spawn, de 2004, pela McFarlane Toys e baseado numa das capas da série de BD, Spawn - The Dark Ages.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Falar p'ro boneco! # 1

A mais recente aquisição, aqui do "menino", no campo da bonecada.












O nome da personagem é Tyr (Dragon Rider) e pertence a uma nova linha de figuras, intitulada McFarlane's Fantasy: Legend of the Bladehunters, produzida (obviamente) pela McFarlane Toys.

Fonte da Juventude

Esta semana, num acto selvagem de revivalismo e de puro egoísmo, adquiri, através do fabuloso play.com, dois deliciosos tesouros do século passado.

Primeiro consegui, para a PSP, a versão "recauchutada" (embora seja possível jogar todos os cenários originais) do fantástico Lemmings. Quem o conhece sabe, perfeitamente, quão viciante este jogo se pode tornar; os que o desconhecem, dificilmente seriam convencidos pelo que pudesse escrever aqui, já que a adição resulta, nitidamente, de uma memória de infância (ou talvez não...) - digamos, simplesmente, que é do tipo "quebra-cabeças em plataformas". Ai, que saudades tenho do Commodore!

Depois, tive a felicidade de descobrir, numa edição de 2 DVD, a série de animação completa The Mighty Thor, dos anos 60/70 (não me recordo exactamente da década e sou preguiçoso demais para pesquisar). Se tiverem presente a série Captain America, da mesma época e do mesmo tipo, percebem que uso o termo "animação" livremente, uma vez que cada episódio era mais uma sucessão de pin-ups do que, propriamente, desenhos animados. No entanto, foi essa sua característica extremamente vanguardista, que me permitiu retê-la para sempre na memória, mesmo sendo, na altura, muito jovem.

Posso garantir-vos que, nostalgias à parte, nesta semana rejuvenesci mais de 20 anos...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Vídeos com História # 2

“Everlong” foi o 2.º single retirado do 2.º álbum dos Foo Fighters, The Colour and the Shape, o álbum que acabou definitivamente com a ligação umbilical de Dave Grohl aos Nirvana e o mostrou como um artista autónomo.
O vídeo desta música foi realizado pelo talentosíssimo Michel Gondry (The Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Be Kind, Rewind). A história é mais ou menos esta: dois assaltantes (Pat Smear e Nate Mendel) dirigem-se a uma casa com o intuito de a assaltar. Lá dentro, no quarto, marido (Dave Grohl) e mulher (Taylor Hawkins) dormem. Ambos estão a sonhar e, apesar de serem sonhos independentes, quer um quer outro entram no sonho de um e de outro. No sonho de ambos, estão também presentes dois vilões. A certa altura, os sonhos misturam-se passam a fazer parte um do outro e ambos se misturam com a realidade. Pelo meio, ainda nos deparamos com referências a Sid Vicious e Nancy Spugen e com óbvias influências a The Evil Dead.
O que é curioso é que, inicialmente, Gondry teve imensos problemas na gravação deste vídeo e foi bastante difícil convencer a banda a realizá-lo por diferentes motivos:
1. Pat Smear (um dos ladrões) estava preocupado com o impacto negativo que a sua imagem podia ter junto dos fãs por representar um vilão;
2. Hawkins não achava grande piada ao facto de ter de representar uma donzela em perigo;
3.nenhum dos elementos da banda queria passar uma imagem sexista para os fãs;
4. e finamente, a impossibilidade de Gondry colocar uma mulher na cama com Grohl – a sua namorada na época era tão ciumenta, que não permitiu que Grohl partilhasse a cama com outra mulher, mesmo sendo apenas para a gravação do vídeo (!).
Enfim, eram queixas atrás de queixas! Mas o mais curioso é que apesar de todas as restrições e apesar de parecer que Gondry estava perante um grupo de meninos de coro exigentes, o que é certo é que este vídeo contribuiu bastante para cimentar a imagem que a banda tem hoje junto dos seus seguidores e que é, ao que parece, a mais justa: a de um grupo de tipos porreiros, divertidos e sem receio de parecerem ridículos. Eles sempre lá estiveram… Coube a Gondry a tarefa de os tornar públicos.

Music Videos by VideoCure

"Everlong" - Foo Fighters (Realizado por Michel Gondry)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

As novas tecnologias e Os Contemporâneos

Os Contemporâneos estão quase a voltar aos serões da RTP1. Mas enquanto não voltam, deixaram-nos uma prendinha que fizeram em exclusivo para a internet.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Publicidade – Aqui sim! # 5

Anúncio da marca de cerveja Skol.

O Espelho Atormentado de Russell Edson

Já aqui tinha falado de um livro de que gostei bastante – O Túnel, de Russell Edson, publicado pela Assírio & Alvim, com tradução de José Alberto Oliveira. Gostei tanto que, algum tempo depois, fui presenteada com O Espelho Atormentado, lançado entretanto pela OVNI, numa edição bilingue e com a tradução a cargo de Guilherme Mendonça. Tal como acontecera com O Túnel, fiquei deslumbrada com a escrita de Edson. O original, The Tormented Mirror, foi publicado em 2000 e reúne uma série de poemas que haviam sido publicados em diversas revistas.
Uma vez mais deparamo-nos com uma obra de difícil catalogação em termos formais: são poemas, são fábulas, são pequenas histórias? Ao que parece , trata-se de poemas em prosa, o que, diga-se de passagem, muito tem contribuído para a marginalização desta obra por parte dos académicos americanos (ai, os cânones, os cânones…). No entanto, e com toda a justiça, não é este preconceito académico que impede Russell Edson de ser reconhecido como um dos mais importantes autores de poesia em prosa norte-americanos.
Mas a originalidade não se limita ao plano formal; em termos de conteúdo, vamo-nos apercebendo que tudo é possível. Uma vez mais, deparamo-nos com histórias bizarras, repletas de humor e nonsense, umas com finais absurdos outras com finais absurdamente lógicos, numa osmose perfeita entre realidade e sonho e surrealidade.
O livro lê-se de uma acentada e se é certo que na maior parte das vezes os textos nos remetem para realidades efabuladas e inesperadas, outras há em que nos fazem reflectir sobre a absurda e óbvia simplicidade do que nos é dado a ler, como este excerto do poema "A Casa Assombrada":

“A morte chegou trazendo consigo a vida. Foram amantes desde o início. Alimentaram-se uma à outra. A vida deu de comer à morte, mas a morte também alimentou a vida. Era um hábito, não podiam viver uma sem a outra.

Deus disse, haja vida, mas que a morte seja a sua guardiã…”

EDSON, Russell – O Espelho Atormentado. Entroncamento: OVNI, 2008. Pág. 15.

Mentes brilhantes – versão por extenso # 3

(Retirado daqui.)

– O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e para o cálculo dar certo arredondaram a Terra!
– O cérebro humano tem dois lados, um para vigiar o outro.
– O cérebro tem uma capacidade tão grande que hoje em dia, praticamente, toda a gente tem um.
– Quando o olho vê, não sabe o que está a ver, então ele amanda uma foto eléctrica para o cérebro que lhe explica o que está a ver.
– O nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes!
– Nas olimpíadas a competição é tanta que só cinco atletas chegam entre os dez primeiros.
– O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não ouve mais nada.
– O teste do carbono 14 permite-nos saber se antigamente alguém morreu.
– Antes mesmo da guerra a Mercedes já fabricava Volkswagen.
– O pai de D. Pedro II era D. Pedro I, e de D. Pedro I era D. Pedro 0.
– Nos aviões, os passageiros da primeira classe sofrem menos acidentes que os da classe económica.
– O índice de fecundidade deve ser igual a 2 para garantir a reprodução das espécies, pois precisa-se de um macho e uma fêmea para fazer o bebé. Podem até ser 3 ou 4, mas chegam 2.
– O homossexualismo, ao contrário do que todos imaginam, não é uma doença, mas ninguém quer tê-la.
– Em 2020 a caixa de previdência já não tem dinheiro para pagar aos reformados, graças à quantidade de velhos que não querem morrer.
– O verme conhecido como solitária é um molusco que mora no interior, mas que está muito sozinho.
– Na 2.ª Guerra Mundial toda a Europa foi vítima da barbie (queria dizer, decerto, barbárie) nasista.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Publicidade - Aqui sim! # 4

Belo anúncio! (Pode deixar um nózito na garganta...)

A II Guerra Mundial em força no cinema

Para quem gosta de filmes sobre a II Guerra Mundial, os tempos que se aproximam vão ser um fartote. Estão previstos nada mais nada menos que seis filmes que retratam esse período da história de diferentes pontos de vista. Seis! Não me vou alongar muito sobre cada um deles, pois fiz questão de deixar os trailers já existentes, e estes juntamente com textos extensos tornariam o post maçador e pesado. Mas vou dando novidades!

Good (Realizado pelo austríaco Vicente Amorim, com argumento de John Wrathall, baseado numa peça de C.P. Taylor. Viggo Mortensen é o protagonista e estreia em 2009.)


Defiance (Realizado por Edward Zwick - O Último Samurai, Diamante de Sangue - com argumento de Clayton Frohman, baseado no livro Defiance, de Nechama Tec. Daniel Craig é o protagonista e estreia nos E.U.A. em Dezembro deste ano.)


Valkyrie (Realizado por Bryan Singer - os filmes dos X-Men, Os Suspeitos do Costume - com argumento de Christopher McQuarrie e Nathan Alexander. Tom Cruise é o protagonista e estreia nos E.U.A. em Fevereiro de 2009.)


Miracle at St. Anna (Realizado por Spike Lee - Malcom X - com argumento baseado no romance de James MacBride. Estreia nos E.U.A. este mês.)


The Boy in the Striped Pajamas (Realizado por Mark Herman, com argumento baseado no livro de John Boyne com o mesmo nome. Estreia nos E.U.A. em Novembro.)


Inglorious Bastards - Realizado por Quentin Tarantino. Ainda não há trailer disponível, mas o elenco já revelado é de peso: Brad Pitt, Mike Myers, B. J. Novak, Samm Levine, Diane Kruger, Eli Roth...

Bom! Resta-nos esperar!

Capitão América ou Afro-américa?

Rumores, (felizmente) não confirmados ainda, sobre o actor que desempenhará o papel do famoso "Sentinela da Liberdade" referem, a dada altura, o nome de Will Smith.

Sob pena de ter de me retratar mais tarde, prefiro não tecer, nesta altura, qualquer tipo de comentário (embora muito me apeteça!) e aguardar por uma informação oficial.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Publicidade - Aqui sim! # 3

Quatro grandes marcas de automóveis entraram numa corrida bem renhida no universo da publicidade.

A BMW foi quem começou, provocando a AUDI com este anúncio:

A Audi, como seria de esperar, resolveu ripostar e fê-lo com este anúncio:

A Subaru, que nada tinha a ver com isto, resolveu meter-se ao barulho:

E, finalmente, a Bentley decidiu pôr fim à contenda com uma imagem que vale mais do que mil palavras:

Pensamentos descartáveis

Descobri há pouco que o meu champô é de carambola, papaia e tangerina; que o meu amaciador é de romã e de maracujá e que o meu gel de banho é de maçã.

Tenho mais fruta na casa de banho do que na cozinha!

"I still like my penis!"

O vídeo que apresento abaixo foi descoberto por um dos gerentes desta pensão, o Sarcaustico. Mas como o mesmo, aparentemente, pediu uma licença sem vencimento e tem andado arredado das suas "obrigações administrativas", coloco-o aqui, em seu nome, por considerá-lo bom demais (o vídeo, não o gerente!) para ser condenado ao esquecimento.

Claro que, por esta altura, grande parte dos hóspedes do nosso humilde estabelecimento já estão bastante familiarizados com o clip em questão. Mas há sempre quem não conheça...



Rodney Carrington - "Dear Penis"

Oddest Jobs

Adquiri, recentemente, o 5.º livro de Hellboy em prosa, publicado pela Dark Horse e intitulado Oddest Jobs.

À semelhança dos 2 últimos (e contrariamente aos primeiros, por serem romances), este volume compreende um conjunto de contos, escritos por vários nomes do "Fantástico" e organizados por Christopher Golden, baseados, imperativamente, no universo de Hellboy e do B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense).

Como já vem sendo apanágio do projecto, a edição encontra-se profusamente ilustrada, a preto e branco, pelo próprio Mike Mignola - motivo que, aliado à longa ausência de Mignola da parte gráfica dos comics (continua, no entanto, a escrever argumentos), justificaria, por si só, a sua aquisição.

Se gostam do género, recomendo a sua leitura. Deixo, também, para quem tiver curiosidade, os títulos dos volumes (independentes entre si) anteriores: The Lost Army, The Bones of Giants, Odd Jobs e Odder Jobs.

Nota: não confundam os filmes com a personagem; a banda desenhada e os livros são, definitivamente, mais sérios, mais credíveis e, até mesmo, mais dignos.

domingo, 31 de agosto de 2008

Dead Space

Publicada pela Image, termina em Setembro uma série de 6 comics intitulada Dead Space, baseada no jogo do mesmo nome da Electronic Arts, anunciado para Outubro deste ano.

A história (muito pouco original, mas o meu amor incondicional por ficção científica impregna-me de uma atracção sobrenatural por este tipo de temática!) acompanha uma colónia mineira que, nos seus trabalhos em pleno espaço, extrai da rocha uma forma de vida alienígena, milenar e maldita!

De salientar, no entanto, que o motivo principal pelo qual refiro esta banda desenhada se prende com o facto de a ilustração (acompanhada pelo argumento de Antony Johnston) estar a cargo de Ben Templesmith - o mesmo de Hellspawn (ver ao lado), Fell e do, infinitamente mais conhecido, 30 Days of Night. Tendo em conta os projectos a que Templesmith costuma estar associado e o seu estilo "visceral", o mote de série será, invariavelmente, o terror gore.

Apesar de já não ser possível acompanhar os fascículos (também os perdi!), estará para breve o inevitável (e sempre mais proveitoso) trade paperback.

"What a load of crap!"


A evitar...

Se, alguma vez, conseguir ultrapassar a desilusão que Hellboy 2 - The Golden Army me causou, prometo escrever um texto mais extenso e específico, relativamente à fragilidade grave deste filme.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Publicidade - Aqui sim! # 2

Outro anúncio daqueles que nos faz reconciliar com a nossa condição...

Vídeos com História # 1

Este vídeo sempre me fascinou desde o 1.º momento em que o vi, teria eu cerca de 13 ou 14 anos. A música faz parte do álbum Out of Time, de 1991, e durante muito tempo pensei que fosse uma espécie de confissão pública de Michael Stipe, um icréu, atormentado pela perda de fé. Nada disso! Afinal, como ele próprio disse, a expressão “losing my religion” é muito usada no Sul dos Estados Unidos e que significa “perder a cabeça”, “perder o juízo”. Stipe diz que se trata de uma música sobre alguém que deseja outra pessoa, mas não é correspondido. Nessa medida, trata-se de uma música sobre uma obsessão, daí que ele próprio a tenha comparado a “Every Breath You Take” dos The Police. E lendo bem a letra, não há muitas dúvidas!
O vídeo é, para mim, extraordinário! Foi realizado por Tarsem Singh (sim, o mesmo do indescritível filme The Fall) cuja ideia era fazer algo com um estilo semelhante ao dos filmes indianos, com uma atmosfera um pouco melodramática e onírica. O vídeo está povoado de imagética religiosa, destacando-se a figura da São Sebastião e de várias divindades hindus. O conceito do qual partiu o vídeo é baseado no conto de Gabriel Garcia Marquez, Um Senhor Muito Velho Com Umas Asas Enormes, que narra a história de um anjo caído dos Céus e que é explorado pelos Homens que o exibem por dinheiro. Tarsem inspirou-se também nos quadros de Caravaggio, no que toca aos contrastes de luminosidade que vemos no vídeo, e na arte soviética.
Ainda hoje, fico impressionada ao vê-lo. E, devo dizer, em jeito de confissão, que no início da minha adolescência achava a dança descoordenadamente coordenada de Michael Stipe extremamente atractiva. (Enfim, era uma miúda, mas já na altura me deslumbrava mais pelas características artísticas e criativas do sexo oposto, do que pelas características “abdominais” e “bicepais”!)
O vídeo foi nomeado para 9 categorias nos MTV Video Music Awards em 1991 e ganhou 6 (Video of the Year, Best Group Video, Breakthrough Video, Best Art Direction, Best Direction, and Best Editing).



"Losing My Religion" - R.E.M. (Realizado por Tarsem Singh)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Geek's Paradise... Parte 4

"As gentes" da GC – Leipzig.


Para meu espanto, apenas uma pequena percentagem dos visitantes usava óculos muito graduados, vestia-se como se ainda fosse a mãe a escolher o seu guarda-roupa e tinha cabelo a escorrer óleo. Mas isso não é necessariamente uma coisa boa. Basta olhar para estas figurinhas aqui em baixo. Bom mesmo é para gajos com máquinas fotográficas, como eu...

Eu espero que eles tenham uma boa razão para andar assim vestidos!


É claro que nem todos eram assim. E uma percentagem significativa dos visitantes até parecia ter uma vida social normal e não sair de casa só à noite ou de 3 em 3 meses. Vejam lá, até havia lá bastantes garotas (e jeitosas!).

A feira estava também populada por gente que fazia figura de parvo, mas que recebia dinheiro para isso. Do mal o menos, certo?


O Duke Nukem também lá estava e mandou abraços para todos. E um "tirinho" ou outro!


Não sei de onde saiu este, mas tinha pinta!


OK, OK... Este último não tem ninguém dentro da fatiota,

mas serve para aqui aparecer na mesma!


E para finalizar, a coisa que em segundo lugar chama a atenção dos geeks. As booth-babes! Essas figuras míticas que habitam neste tipo de eventos e que representam a possibilidade única na vida destes geeks de abraçar uma mulher e ainda melhor, ser apanhado em fotos com ela. Também as havia para todos os gostos. Deste a next-door girl (mas casualmente vestidas com uma mini-saia ou calçõezinhos, como manda a regra) até a madames que pareciam ter saído do strip-joint mais próximo (e não me espantava muito se tivesse razão)!

Pode não parecer, mas era para mim que elas estavam a dizer: "Adeus e até para o ano!"


Isto de estar sempre de pé e looking pretty tem muito de cansativo.


Intercâmbio cultural. A menina das corridos é amiga da ultra-guerreira de Marte!


Não sei o que elas estavam a tentar camuflar. Eu encontrei-as facilmente!


A mentalidade ecológica das alemãs vê-se em todo lado.

Até para o trabalho viajam juntos e poupam "gota".


Além das personagens virtuais havia algumas como esta,

das quais só 80% é que é verdadeiro e o resto é artificial...


Pronto! Já esgotei o tema, até ao próximo ano. Espero que não tenha sido muito maçador para V. Exas. As minhas desculpas em particular para a nossa amiga Soneca, mas eu sei que ela tem um grande coração e que me perdoa. Ela já sabe que é demasiado tarde para nós mudarmos...

Geek's Paradise... Parte 3

Destaques aqui do je...

É difícil saber por onde começar, tanto que é o material que nos assalta os sentidos na Games Convention. Foi bom ver uma demonstração em palco de Fable 2, embora tenha ficado desiludido com a falta de comparência de Peter Molineux (lendário criador de jogos), como estava anunciado no programa, na sessão a que assisti. Se calhar escolhi o dia errado para comparecer.

Estranhei a ausência da nVidia na exposição (embora me possa ter escapado de vista, mas parece-me que não estavam lá mesmo), principalmente tendo em conta que a Intel e AMD/ATI estavam em todo lado, não só em expositores próprios, mas também associados a produtores de outro hardware ou mesmo jogos.

Outro destaque vai para a diversidade de oferta, não só dentro da indústria dos jogos mas também nos mercados "paralelos", tais como tradecard games, indústria automóvel ou todo o tipo de merchandising associado.

Chill out areas...

Não sei porquê, mas quando cheguei a casa tinha uma vontade enorme de comprar um VW!

Encenação de uma batalha qualquer. Como não era Aljubarrota, não liguei muito a isto...

Mas bom, bom mesmo, foram os meus dois destaques seguintes:

- Starcraft II, numa demo jogável pelo público, na qual não pude participar devido às enormes filas de espera para experimentar o jogo. Lindo, lindo! Apesar de não haver data oficial para o lançamento do jogo, a presença de uma demo jogável pelo mais comum dos mortais, indicia boas coisas. Infelizmente, nada de Diablo 3. Tendo em conta que o anúncio foi feito recentemente e que a BlizzCon está para breve, é de esperar que eles tenham guardado este trunfo para o seu próprio evento.

Sortudo duma figa!

SAIAM TODOS DAÍ! EU QUERO JOGAR! SUAS LAPAS!

- Fallout 3, numa demonstração cheia de estilo, feita dentro de uma Vault (com os assistentes vestidos a rigor, como Vault-dwellers, e memorabilia como telefones antigos e contadores geiger), na qual foi possível assistir a cerca de 15/20 minutos de jogo, apresentado por um membro da Bethesda Europe. A Bethesda parace ter em mãos mais um êxito. Só foi pena a demonstração ser orientada para o combate e não ser possível assistir a cut-scenes ou diálogos, mas o que deu para ver deixou-me com a certeza de que este é um jogo a ter e que possivelmente é um bom sucessor para as duas primeiras partes da série, apesar da mudança no estilo de jogo. O sistema de combate V.A.T.S. que permite fazer uma pausa na acção (que é em 1.ª ou 3.ª pessoa) e usar action points para fazer tiro ao alvo nos nossos oponentes é muito interessante e parece bem aplicado, sendo assim um sucessor à altura do combate por turnos dos outros dois jogos. Os cenários parecem grandiosos e fieis ao que uma grande cidade devastada por um ataque nuclear deve parecer. A partir de finais de Outubro, lá vou eu dar uma corridinha até uma loja ;-)

Eu fui um Vault-dweller, ainda que por breves minutos! Agora brilho no escuro!