segunda-feira, 6 de abril de 2009

Watchmen


Fui ver recentemente a adaptação de Watchmen ao cinema. Ok, infelizmente em Alemão, como não podia deixar de ser, mas o conhecimento da obra de BD (que não proclamo ser ultra-extenso, como muitos fanboys na net, uma vez que já se passou algum tempo desde a última leitura que fiz) foi mais que suficiente para fazer as comparações necessárias entre o livro e o filme.

Fiquei bastante agradado, principalmente tendo em conta a dificuldade que é adaptar uma obra extensa, com bastantes linhas narrativas, flashbacks e pormenores contidos no original.

O facto de que a minha namorada, que não conhece o original nem é particularmente fã de filmes de ficção científica ou de super-heróis, conseguiu apreciar o filme e não se mostrou demasiado confundida com o enredo, é sinal claro que a equipa do filme conseguiu um filme coerente e a funcionar relativamente bem de forma independente. Aliás, a leitura do review de Roger Ebert, conhecido e reputado crítico de cinema, também ele desconhecedor da obra original, leva à mesma conclusão.

Gosto do estilo visual de Zack Snyder e aprecio bem mais o seu estilo de filmar/editar e coreografar as cenas de luta, do que o estilo confuso de Christopher Nolan. Aliás, este é o único problema que encontro em Nolan.

Tenho no entanto alguns detalhes a apontar que, na minha opinião, poderiam ter sido melhor executados:

- um deles é o Dr. Manhattan, cuja figura poderia ter sido melhor integrada no filme, embora admita que o brilho que o seu corpo emite, e a que os nossos olhos não se encontram naturalmente habituados, denuncia de forma mais flagrante que a personagem é digital. Ainda assim, preferia ver a musculatura da personagem reduzida, de forma a conseguir uma figura mais elegante e natural. Concordo que a personagem é musculada na obra original, mas em termos de filme, creio que o "efeito digital" da personagem poderia ser atenuado através de uma silhueta um pouco mais moderada;

- não gostei muito do actor escolhido para fazer de Ozymandias. Achei o casting, de forma geral muito bem feito, com os actores bem adaptados às personagens, mas o semblante de Matthew Goode não encaixa bem com a figura da BD e a arrogância na sua interpretação de Veidt está um pouco distanciada do narcisismo racional e o semblante de naturalidade quase inocente com que Veidt se apresenta na BD;

- a alteração do final deixa sempre um saborzinho amargo na boca, principalmente quando o resto do filme denota um esforço grande para se manter fiel à BD, mas admito que funciona bem na mesma e não retira valor ao conceito presente no livro.

Bem, com apenas um visionamento, é-me difícil escrever mais, e acredito que até seja uma benção, para quem se arriscar ao aborrecimento de tão longo post. Resta-me aguardar até poder ver o filme de novo, agora em Inglês (possivelmente o Director's Cut, anunciado também para cinema mas com data ainda incerta, se não me engano), para ver se me "dá na tola" para escrever algo mais.

6 comentários:

Cris disse...

Olá!
Este fim-de-semana finalmente fui ver o filme!
Gostei muito, muito mesmo...mas como não conheço a BD, não encontro diferenças.
Graças a este filme, alguém vai vender mais um livrinho! Estou mesmo curiosa e não vou esperar, ou procurar, pela BD em português.
Vou mandar para o espaço a minha preguiça em ler em inglês.
(E o preço provavelmente também é mais em conta no original que na tradução!)

Bjs e abraços
Cristina

Curufinwë disse...

Concordo em pleno com tudo o que dizes, principalmente, no que diz respeito ao Manhattan (a artificialidade do "boneco" já não se usa nos tempos que correm) e a Ozymandias (personagem que, na totalidade do elenco, mais me chocou pelo inegável semblante de vilão, logo no início do filme - mesmo quem não conhece a BD percebe, imediatamente, onde está o mau da fita).

Não percebi, no entanto, a questão do final alterado - consegues ser mais específico?

Abraço!

Mário Duarte disse...

Desculpem a intromissão, mas imagino que se refira à opção de substituir a (suposta) invasão alien da BD pelas explosões nucleares (supostamente) provocadas pelo Dr. Manhattan.

Curufinwë disse...

Ok, percebi. Confesso que já li a BD há mais de 15 anos (uma edição brasileira) e, desde então, nunca mais a reli.

Embora tivesse gravada na memória a imagem de uns tentáculos em meio à destruição, algo me fez "recalcar" o contexto em que se inseriam.

Abraço!

horned_dog disse...

Exactamente, caro Mário. A intromissão é sempre bem-vinda, principalmente quando tão correcta!

Eu próprio não tinha o final original tão presente na memória, mas um artigo lido antes do filme já tinha deixado no ar a dica. Mas como disse no post, não retira mérito à adaptação e espero ansiosamente pela oportunidade de rever o filme. O "Tales of the Black Freighter" pode ter de esperar um pouco, mas também não queria passar-lhe ao lado.

Mário Duarte disse...

Na verdade depois de ter visto o filme e ter ficado com algumas dúvidas sobre a fidelidade do argumento, reli o livro (que por acaso também é uma versão brasileira, prestes a desfazer-se). Daí ter o final tão presente...
Abraço.