segunda-feira, 30 de junho de 2008

Michael Turner (1971 - 2008)


37 anos. Vítima de um cancro nos ossos diagnosticado aos 29.

Desenhador. Fundador da Aspen. Pertencente à última geração de ilustradores de créditos firmados da indústria norte-americana de Banda Desenhada.

Witchblade sentirá a sua falta...

Sabedoria pueril em contexto matinal

Hoje, bem cedo, cerca das 7h15m, eu e a minha pequena família tomávamos o pequeno-almoço. Enquanto eu e o meu marido lutávamos contra mais uma investida daquilo a que se chama sono e, com o corpo exausto, tentávamos perceber o que raio andamos a fazer durante a noite para que se apoderasse de nós um cansaço que deveria ter sido extinguível com algumas horas de sono, a nossa filha, com uma energia completamente absurda, repetia que queria ver os desenhos da “Rê-Pê-Pê 2”. Havia sim o EuroNews, mas desenhos nem vê-los! Mas ela não se atrapalhou muito. Continuou a falar, a falar e em cerca de dois minutos (não estou a exagerar) deitou cá para fora estas belas afirmações, mais ou menos encadeadas:
"Os macacos comem bananas."
"Os elefantes gostam de água na praia."
"O papá anda de bicicleta com os senhores."
"As senhoras são muito malucas com o papá."
"O iéti não existe."

Tenho a certeza que na cabeça dela tudo faz sentido!

Mentes Brilhantes - versão ilustrada # 1


(Resposta de um aluno num exame. Imagem retirada daqui.)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pensamento do Dia # 3

"Os sem-abrigo deviam assumir a sua condição."

Paula Bobone

(Hã?...)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

E depois do adeus...

Fanfarronice + Ricardo + Foguetes antes da festa + Ricardo + Paulo Ferreira = 3 - 2

(Ficaria contente com a vitória da selecção, não vou mentir. E vi o jogo e torci para que dessemos a volta ao resultado. Mas, verdade seja dita, não merecemos ganhar. Éramos os favoritos, os melhores, a melhor selecção em termos estatísticos. Viu-se!)

(Não deixa de ser curioso que o seleccionador que levou Portugal à final do Euro em 2004 e à semi-final do Mundial em 2006 seja brasileiro e que um dos melhores jogadores de ontem (e não só) seja brasileiro... Mas enfim, viva Portugal!)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Crítica Ressabiada

"Problema? Só um: aquele jeito de cantar que Mafalda [Veiga] tem, de quem está constipada há duas semanas e não encontra um lenço."

João Bonifácio - "Caderno Ípsilon", Público, 6 de Junho de 2008 (A propósito do lançamento do novo álbum de Mafalda Veiga, Chão.)

Futebol: Coesão ou Alienação? – Parte II

Quem for da mesma opinião que eu e considerar que o futebol é um factor de alienação da sociedade, encontrará facilmente acontecimentos que corroborem esta opinião. Ainda assim, decidi deixar aqui alguns exemplos recentes que me fazem ter cada vez mais certeza da minha opinião. Quero apenas deixar aqui um pequeno esclarecimento, para que não me acusem de miopia clubística - eu não sou adepta de nenhum clube. As poucas influências que tenho são estas: um pai e um irmão portistas (mas que nem sempre sabem quando são os jogos), um marido benfiquista (que não sabe quando começa ou termina o campeonato) e um avô sportinguista (que acha que nunca mais vai ver o Sporting ganhar um campeonato). Ou seja, estou rodeada de opiniões diferentes, mas de pessoas tão desligadas do futebol, que talvez nem sejam considerados adeptos por muitos.

Quanto aos exemplos que referi, são eles os que se seguem.

1.º Quando ocorreu aquele incidente com o seleccionador Scolari e o jogador Sérvio, em que o primeiro agrediu o segundo, tudo indicava que aquele seria exemplarmente punido. Compreensivelmente os patrocinadores da selecção colocaram em causa a continuidade do brasileiro enquanto seleccionador. Não é que o primeiro-ministro José Sócrates, segundo relatou a comunicação social, convenceu Gilberto Madaíl a não despedir Scolari? O que é que se pode dizer desta promiscuidade relacional? Parece que realmente é preciso oferecer pão e circo ao povo, para o manter domado... Isto para não falar da total ausência de valores que emana de tudo isto – enquanto professores são suspensos por fazerem piadas visando figuras públicas, usando a liberdade de expressão a que têm direito, seleccionadores que agridem em directo são defendidos por altos membros da Nação.

2.º O FCP foi condenado por 2 actos de tentativa de corrupção pela LPFP: enviou um comunicado à CMVM, afirmando aceitar a condenação e o pagamento da quantia estipulada. Ou seja, não recorreu da decisão, logo esta transita em julgado, o que é, obviamente, uma assunção de culpa. Agora que a UEFA, baseando-se nos mesmos factos, os considera culpados e os deixa de fora da Liga dos Campeões, "eh pá, espera aí, vamos recorrer da decisão, porque só agora é que nós lembramos que somos inocentes". Se recorrem da decisão da UEFA é porque se consideram inocentes. Mas se se consideram inocentes porque não recorreram da decisão da LPFP? Com os castigos impostos pela LPFP podia o clube bem, não era? Já o castigo imposto pela UEFA, foi um bocado mais difícil de engolir. Entretanto, o FCP recorreu efectivamente da decisão e ao que parece ficou o dito pelo não dito. Mas isto surpreende alguém?

Como disse, e contrariamente ao que possa parecer, não tenho nada contra o FCP, assim como não tenho nada a favor (nem contra o SLB, ou SCP ou qualquer outro clube). A minha irritação e indignação são contra os dirigentes do FCP (e não jogadores, obviamente) porque é deste clube que se trata. Há aqui uma questão de fundo – houve tentativa de corrupção e isso ficou provado. E tentar é tão mau como fazer. Se eu tentasse assaltar uma loja e fosse apanhada, isso faria de mim menos culpada? Não, porque só não concretizara porque fora apanhada. Caso contrário... Isto parece-me óbvio! Depois, a tentativa de desviar a atenção do que é importante, alegando que as escutas telefónicas não são válidas... Pois, mas existem! Isto faz-me lembrar aquelas situações que por vezes ocorrem na adolescência: a mãe entra no quarto e encontra droga, o adolescente rebela-se (invertendo a situação) e afirma que a mãe violou o seu direito à privacidade ao entrar no quarto. Mas a questão é que a droga estava lá...

E é realmente desviando a atenção do cerne da questão que se consegue visibilidade mediática e se consegue distorcer as coisas: foi a FPF que não defendeu o clube como devia, foi a UEFA que não soube avaliar o caso e foi dura na pena, foi o SLB e outros clubes que alertaram para o caso e tentaram ganhar com ele... E já não há pachorra para o chavão constantemente repetido de que outros estão a tentar ganhar na secretaria o que o FCP conquistou em campo. Mas ao tentar corromper árbitros, o FCP também não tentou ganhar na "secretaria"? Se realmente o SLB e outros clubes procederam a algum tipo de calúnia ou ofensa ao FCP, pois que sejam punidos. Acho bem! Mas a questão neste caso específico não é essa.

No entanto, é com armas de arremesso como esta que os dirigentes do FCP (e em especial o Sr. Pinto da Costa, que tem um estranho prazer em alimentar constantemente com as suas palavras, a imbecil e despropositada rivalidade entre Lisboa e Porto) lutam. Instigam sócios, adeptos e simpatizantes e sabem bem que o fazem e o quão perigoso isso é.

E que tipo de adeptos são estes? Os que são sócios dão o seu dinheiro ao clube, vêem o seu dirigente máximo ser condenado por crimes de corrupção, mas para eles todos têm culpa, menos o culpado efectivo. E daí a insultar magistrados, outros dirigentes e outros adeptos vai um passo! Eu assisto a conversas nos transportes públicos, onde pululam insultos a todos os que não são portistas, que fariam corar o Fernando Rocha.

É a isto que chamam coesão?

Mas enfim, é o futebol que temos, os dirigentes e os adeptos que temos. E ao que parece ainda não é desta que a culpa arranja marido. Cada vez mais percebo por que motivo não sou adepta ou sócia seja do que for. Os unanimismos desagradam-me. A leviandade com que se diz “nós” assusta-me e normalmente é perigosa. Não preciso de um “nós” que me diga o que pensar, preciso que me mostrem factos para “eu” o fazer. Nunca gostei de nada que me tolhesse as ideias. Não deixei que a religião e a política o fizessem e não deixarei, certamente, que seja o futebol a fazê-lo.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Futebol: Coesão ou Alienação? - Parte I

Na 2.ª feira foi transmitido na RTP1 o programa Prós & Contras, cujo tema era Futebol: Coesão ou Alienação?. Os convidados eram Daniel Oliveira e Salgado Matos, a defender a ideia da alienação, e Carlos Abreu Amorim e Carlos Coelho, a defender a ideia de coesão.
Foi um debate interessante e destaco as intervenções de Daniel Oliveira, de Carlos Abreu Amorim e também de Miguel Gaspar e de José Neves que estavam na plateia. Gostei muito da argumentação de Carlos Abreu Amorim, apesar de não concordar com nada do que ele disse. (Mas isso não é motivo para não reconhecer o seu valor.)
Eu, tal como Daniel Oliveira, José Neves, Miguel Gaspar e Salgado Matos, aprecio futebol mas também considero que este é, na verdade, um factor de alienação da sociedade. Eis algumas ideias que foram defendidas por estes senhores e que reflectem aquilo que verdadeiramente penso:
- o futebol é entendido por todos como um espectáculo e um desporto de interesse quando é visto enquanto tal e ninguém tenta diabolizar o desporto em si;
- toda a extrapolação que é feita a partir do futebol é desajustada e perigosa: origina discursos demagógicos, incita ao orgulho nacional e ao patriotismo;
- a comunicação social não cumpre o seu papel e contibrui para o que foi chamado a certa altura de “processo de estupidificação”; ao cumprir horas de emissão transmitindo pormenores desinteressantes e irrelevantes da vida dos jogadores, dá azo a essa alienação;
- há várias pessoas que acusam aqueles que não vibram com a selecção de pouco patrióticos (como se de um defeito se tratasse...) e atribuem à selecção o mérito de ter devolvido aos portugueses o sentimento de pátria, de lusitanidade, de orgulho nacional e de unanimidade (conceito perigoso, como defendeu e bem Daniel Oliveira); mas como bem lembrou Miguel Gaspar, não se pode esquecer que isso foi obra de um brasileiro;
- o entretenimento ocasional de um jogo não pode (nem deve) passar disso mesmo e não pode mascarar os problemas económico-sociais e políticos que o país vive.

Muito mais se disse, é certo. E muito mais coisas pertinentes e certeiras. Mas não posso referir tudo ou este post ficaria ainda mais extenso. Mas gostaria de referir duas coisas.

1.º Carlos Coelho fez-me lembrar ao longo do debate uma versão (melhor, é certo) de Floribela, tanto apelava ao sonho, à capacidade de sonhar dos portugueses, à vontade de ir mais além e alcançar o impossível. A repetição constante de “we can” e “nós podemos”, aludindo a Barack Obama, trazia-me constantemente à memória o excelente sketch d' Os Contemporâneos.

2.º A apresentadora do programa, Fátima Campos Ferreira, desculpem o meu desabafo, mas é terrível. Em primeiro lugar, a sua posição pró-coesão era de tal forma flagrante, que poder-se-ia dizer que no programa estavam 3 contra 2. Depois, revelou o que já vem sendo hábito no programa: intervenções vazias e inoportunas, linguagem e discurso prosaico, postura e comentários desadequados e pouco profissionais. Além disso, foi completamente idiótica e lamentável a obsessão freudiana e pós-adolescente com as pernas do Cristiano Ronaldo.

Este post já vai longo (e isto, ao que parece, afasta os leitores). Como já disse, não acredito que o futebol seja factor de coesão da sociedade. Não me sinto mais portuguesa (até porque não sinto esse orgulho pátrio; gosto de ser quem sou, gosto dos meus amigos e família e gosto do país onde vivo, mas não por serem portugueses ou Portugal; tenho noção de que sou portuguesa por uma mera condicionante geográfica e não por livre escolha), não me sinto mais próxima dos outros portugueses nem me identifico mais com eles. Não acho que por termos uma boa selecção e esta ganhar seja mais produtiva no meu trabalho, seja mais activa socialmente ou seja mais feliz. Mas talvez isso não aconteça com os outros...

(Continua no próximo post...)

Pensamento do Dia # 2

"Gosto de me enfeitar como se fosse uma árvore de Natal a 25 de Dezembro. As portuguesas ainda têm um ar cinzento e pouco audaz."

Paula Bobone

(A vantagem das árvores de Natal, é que as fazemos desaparecer pouco tempo após o Natal e as guardamos numa canto bafiento da cave, sótão ou despensa...)

Rock n´Roll Is Dead!

No Domingo passado, voltava eu de mais um dia de escravatura laboral, utilizando o mui nobre Serviço de Transportes Colectivos do Porto, quando, numa paragem, sou "socado" pela mais desconcertante visão: do lado de fora, precariamente encostado a uma parede (não sei se se equilibrava, se tentava equilibrar a parede), vejo um indivíduo, dos seus 60 anos, "bêbado como um cacho", nitidamente acalorado (apesar de estar a choviscar), como atestava, de resto, a sua indumentária, envergando uma singela t-shirt, cuja mensagem, em letras garrafais, extremamente deformada pelo seu rotundo abdómen, gritava ao mundo em jeito de reacção a seguinte mensagem que, por pouco, não me enviou para um coma - I Am the Future of Rock n' Roll!

Confesso, a despeito da minha sanidade e do que possam ter assumido sobre o meu comportamento os utentes desse ilustre 305, que soltei, negligentemente, uma sonora gargalhada.

sábado, 14 de junho de 2008

R.I.P. Corneto De Chocolate (Felgueiras-Pastelaria Pinheiral 15-5-79 / Porto-Café Clássico 14-6-08)

Nunca mais esquecerei aquela tarde primaveril do já longuínquo ano de 79. Foi aí que despertou o meu ser e a minha "aparição", como diria o Vergílio Ferreira.

Foi aí que, pela primeira vez, provei a Spice Mèlange daquele bizarro Portugal do P.R.E.C.
Refiro-me obviamente ao Corneto De Chocolate!
Às 15h30m e 25s, com o corneto a um escasso segundo dos meus lábios eu não existia, mas no segundo seguinte "olhei-me ao espelho" e pensei... eu existo!!!

E quem controla o Corneto De Chocolate... controla o mundo!

E assim foi até hoje, completamente mutante devido ao uso contínuo do Corneto De Chocolate, incluindo a esclerótica azulada, mas senhor do meu castelo (e também único habitante).
Mas às 19h34m e 34s... tudo mudou. Aliás... tudo parou, porque continuarei ad eternum nas 19h34m e 34s...
Tudo parou porque ao pedir mais um Corneto de Chocolate ouço estas terríveis palavras do Freemen que me atendeu...

CUNETOS?!?!? JÁ NÁDISSO!!! AGORÉ CHÓCA DISQUE!!!

Choc-Disk??? Mas isso soa a álbum de Verão dos Onda Choque!
Por amor de Deus!! E, ainda em choque, lá dei por mim a perceber o que era aquilo que tinha nas minhas mãos... Os amendoins? Desapareceram quase todos! O chocolate? Existe apenas em cima porque o interior foi substituído por algo que ainda não percebi se é café, caramelo ou laranja.
A minha vida deixou de ter sentido...
Foi o Corneto de Chocolate que me mostrou a existência!
Foi o Corneto de Chocolate a minha companhia nas intermináveis horas da mira técnica.
Foi o Corneto de Chocolate o meu amigo fiel quando todos jogavam à bola na praia e me deixavam na toalha (muito compreensivelmente aliás...).
Foi o Corneto de Chocolate o meu primeiro amigo quando me arrancaram os molares!
Foi o Corneto de Chocolate quem me mostrou o que era o arrependimento depois de o despejar pelo colarinho do meu pai.
Foi o Corneto de Chocolate o meu único consolo, naqueles tempos pré-Onan, quando me retiraram as amígdalas.
Foi o Corneto de Chocolate quem me mostrou o que era a perda quando deixei cair o seu topo de nata no alcatrão quente e grosseiro junto à praia.
Foi o Corneto de Chocolate quem me ensinou o que era estar 4 dias a chá e torradas, provavelmente por o ter comido após o tirar do alcatrão quente e grosseiro junto à praia.

Enfim... foi a doce escola da minha amargola vida.
E hoje subitamente.. feneceu.
Não foi substituído por algo supostamente igual como os pastéis de nata, porque para amigos a sério não se encontram suplentes. Antes ter-se-á desvanecido como os Kalkitos... Mas ao contrário destes não demorei 26 anos a sentir a sua falta.

Descansa em Paz
.. sem ti este longo deserto cheio de dunas e vermes já não tem piada.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Alter Ego # 2


Cartoon de N.P.: desenho a lápis e tinta de Rui Junqueira.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Linha de engate... ou corda de enforcar?

Bem... a minha mente enviou aos meus olhos um PopUp com a melhor frase de engate do mundo. Ou talvez a pior... bem... não sei... opiniões aceitam-se:

"Sabias que a porca (Sus Domestica) tem orgasmos de trinta minutos?
Pois comigo serias ainda mais porca!"

Que acham?
Por favor digam-me se acreditam se pode realmente funcionar. Já estou farto de viver sozinho, com o meu gato, 4 moscas e aquela colónia, de cor engraçada, no sítio onde costumo guardar os ovos no frigorífico.

Pesos pesados e problemas do coração

Definitivamente há coisas que não consigo entender...
Em relação a algumas, como o primeiro caso, cheguei à conclusão de que o entendimento não tem nada a ver com o jogo.
Em relação a outras, como o segundo, acho que não há mesmo nada a entender...

1.º
No que respeita a perceber as mulheres, suponho que foi Oscar Wilde quem mais se aproximou com a seguinte frase:
"As mulheres não são para serem entendidas, são para serem amadas."
Não quero, e penso que ele também não queria, indicar alguma falta de inteligência no "belo sexo" com tal frase. Simplesmente achava, como eu acho, que nunca estamos a jogar exactamente o mesmo jogo. E por mesmo jogo entendo o mesmo jogo com as mesmas 78 regras, regras bem precisas e canónicas, invariáveis desde o paleolítico inferior.
Basicamente o homem pensa que vai participar numa saudável luta de Ju-Jitsu e acaba por ser posto fora de combate com um arremesso de Aikido. Se pensa que vai lutar Aikido a mulher acaba por sacar de uma pistola e furar-lhe a bexiga, como o desgraçado no filme do Indiana Jones. Porque ela quer ser a única a sair de pé no final do jogo, custe (ao homem) o que custar.
Quando, por exemplo, uma mulher se zanga com o facto de demasiado dinheiro ter sido gasto pelo homem numa cobertura para os bancos do carro com o dístico da marca, a coisa funciona assim:

1-Homem contra-ataca com um argumento lógico.
2-Mulher esquiva o argumento lógico ao lembrar que já há muito tempo que a arca frigorífica está a verter água.
3-Mulher apanha homem em desequilíbrio e aplica-lhe um pontapé no amor próprio com um formidável "já não és o mesmo homem que conheci há 20 anos".
4-Homem placa a pancada ao dizer "seria o mesmo homem se não me tivesses mudado pouco a pouco nesses mesmos 20 anos".
5- Mulher tenta uma lesão simulada que o leve a abrir a defesa recorrendo ao famoso golpe do "E tu já não olhas para mim como antes".
6- Homem aproxima-se para muito desportivamente ver a lesão do adversário e recebe o golpe* final: "E eu sei o que tu estiveste a fazer a semana passada!".
SENHORAS E SENHORES!! NESTE CANTO, DE CALÇÕES BRANCOS DE MUSSELINA E PESANDO 46 QUILOS A TETRATETRATETRA CAMPEÃ E ACTUAL DETENTORA DO TÍTULO MUNDIAL E DONA DE UM K.O. FULMINANTE... EU MESMA A MUUUULHEEEEEER!!!!!!!!!!´

*Um golpe sujo e que não vem nos livros mas como ela também é o árbitro... que se lixem os livros!

E bem mais tarde, em convalescência no hospital, e através da câmara lenta na televisão da nossa ainda confusa e sedada memória conseguimos perceber o que se passou: é que não interessa se fizemos algo ou não na tal semana, porque a verdade é que estamos sempre com tantos problemas de consciência para agradar a quem nos ama e atura, que assumimos ter realmente feito algo gravíssimo, nem que seja a autoria do ataque a Pearl Harbour, por exemplo. E damos por nós a devolver a mais bonita cobertura de bancos do mundo... pela 43.ª vez.

2.º
Basicamente o gajo que está a escrever estas linhas desperdiçou 32 anos de vida. Por desperdiçar, entendo o facto de ter cheirado a laranja e não a ter comido antes de a ter deixado apodrecer a 32% (assumindo que viva até aos 100). E o problema é que, com 32% de fungos, o resto da laranja estará rapidamente incomestível. É que a vida não acaba aos 94 (ou aos 100) com uma síncope cardíaca frente a uma estação de serviço na manhã de um Domingo chuvoso de Outono. Acaba aos 30 e meios com a maior parte das portas da nossa casa (ou vida...) permanentemente entijoladas, como naqueles prédios tão "bem" estimados pela C.P..
Obviamente que existe quem consiga manter esse prédio bem conservado e caiado ao enchê-lo de memórias e gente e ampliações e basicamente ... vida. Mas quem não o fez até aí já não o vai safar, uma casa vazia degrada-se sobrenaturalmente depressa.
Obviamente todos concordarão que não se deve prender ou matar uma pessoa que desperdice essa laranja.
Mas e se eu matasse ou mutilasse um fulano com 32 anos? Se o atropelasse simplesmente por que me apetecia ou porque não o tinha conseguido evitar apesar de o ver a uma distância de... 32 anos? No mínimo dos mínimos deveria ser preso, certo? E agora pergunto eu... qual a diferença? E se me responderem "Mas a vida do outro fulano não é tua" eu digo muito simplesmente: Mas não são essas duas vidas igualmente preciosas independentemente de quem as "vista"? Teremos o direito de acabar com qualquer uma delas?
Não há justiça neste mundo... numa sociedade normal ou já me tinham morto ou me tinham preso. Assim, deixam-me apodrecer.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O gruyère, a blitzkrieg e enchilladas

Não consigo entender a razão de ser de alguns prémios simbólicos. E suponho que, mesmo com prémios financeiros, a adoçar o insulto, quem os recebe acaba por perder um pouco de dignidade. Um pouco como recebermos um buda de porcelana e 20 mil euros após termos conseguido fornicar um lama durante 14 horas seguidas.

Vejamos o caso da Fórmula 1:
Arriscamos a vida em cada curva, mesmo que nunca superemos os 302 km/hora.
Perdemos quilos de peso e não deve de existir cartilagem que não fique semi-liquefeita.
Somos obrigados, durante umas 3 horas, a beber por um tubinho e a ver em cinemascope o próximo muro a aproximar-se de nós com um sorrisinho que parece dizer "byte me"! E o que nos dão se, não só conseguirmos sobreviver, mas também ganhar a corrida?
Uma garrafa com 43 litros de champanhe!! É como se estivessem a dizer : por amor de Deus, bebe isto tudo porque assim talvez na próxima corrida absurdamente perigosa ainda estejas com o pifo ou, no mínimo dos mínimos, com uma ressaca enorme e assim talvez livres o mundo da tua bizarra presença, ó meu indestrutível freak de mer*a.

Volta à França:
Para quem consegue fazer uma volta à França em bicicleta a situação não é muito melhor:
Verdadeiros ratos brancos do doping internacional é incrível que os "com_ correntes" (não resisti a uma piada fácil) não cheguem à meta com três pares de orelhas em cada cotovelo ou testículos nas narinas. É absolutamente impressionante a quantidade de químicos que flui naquelas veias.
Verdadeiras tabelas periódicas humanas, correm também o natural risco de serem atropelados por um tanque alemão a caminho de mais uma invasão. Invasão essa que naturalmente se dará pelas Ardenas como as últimas 3 (duas na segunda guerra e uma na primeira). Mas os franceses ainda não se aperceberam de tal, o que é compreensível, tendo em conta que se viramos logo as costas e fugimos em vez de dar luta dificilmente saberemos exactamente onde estará o inimigo.
Num país em que os os homens cheiram a perfumes, os perfumes a queijos, os queijos a meias, e as mulheres a algo indefinível porque simplesmente não usam meias (ou cuecas segundo dizem) é mesmo muito difícil conseguirmos manter a concentração. E reconheçamos que, para deslizar a 93 Km/hora pela encosta de uma montanha e não darmos uma terrível dentada no pinheiro mais duro do percurso, a concentração é algo particularmente útil.
Mas qual o prémio a quem, qual Takeshi´s Castle, supera tais desafios?
Uma t-shirt AMARELA e DUAS FRANCESAS!!!
Por amor de Deus... T-Shirt? E amarela? Mas quem é que usa uma coisa daquelas? A única vez que vi uma t-shirt AMARELA foi num vídeo do George Michael de 1986 em que ele e o namorado eram pilotos de uma linha aéria do Taiti e esses dois só por sí conseguiam ser mais femininos que as próprias hospedeiras. Portanto, nem aí precisavam dessas t-shirts AMARELAS.
E DUAS FRANCESAS? Porquê DUAS? E porquê FRANCESAS? Porque se está mesmo a ver... depois de ciclar 3500 km estamos mesmo com energia para ir para a cama com duas brasas. Ainda por cima, sendo francesas, elas nem vão precisar de nós para o seu fromage à dois...

Ténis:
Durante 4 horas e 28 minutos testamos ao limite as nossas rótulas debaixo de um sol abrasador na Austrália (é verdade... a Austrália também tem sol abrasador...).
Durante 4 horas e 28 minutos tentamos não morrer com aquele ponto amarelo que se dirige à nossa testa a 184 km/hora. Aliás... ele tenta sempre ir para o lado oposto, nós é que insistimos em nos meter à sua frente. E obviamente tentamos fazer o mesmo ao outro jogador, que conseguiu, à socapa, estender uma rede no meio do campo para protejer os genitais, embora estranhamente tal rede não proteja os nossos. Quem já jogou ténis percebe a que me refiro...
Durante 4 horas e 28 minutos a única manifestação do público é um contínuo e desolador gesto de reprovação com o seu abanar lateral de cabeça. Nem "ondas", nem buzinas, nem confetis, nadinha. Só um tremendo e longo lamento (4 horas e 28 minutos) por lá terem ido gastar o seu tempo.
E que ganhamos com isso? Um carro! Ou seja... agora que, após o final da partida, não vamos poder andar durante os próximos doze anos, dão-nos um Jaguar e dizem:
Este carro de luxo é teu! Foi bem merecido. Agora só tens de o conduzir para fora deste recinto rectangular absolutamente isolado (Já alguém viu esses carros a entrarem no campo? Acho que descem pendurados de um Sikorsky S-64 Skycrane), assumindo que as tuas pernas ainda sejam capazes de utilizar os pedais e o teu ombro ainda consiga ter força suficiente para o travão de mão. Se não o quiseres levar, ele pode ficar aqui para o próximo torneio.

Futebol:
Mas para que serve a taça?
Mas para que servem as medalhas?

Quanto às medalhas é muito provavelmente o único adereço de moda que os futebolistas não utilizam. No meio de tantos brincos, em vários sítios, e tantas tatuagens, em vários sítios, e tantos colares e pulseiras, em vários sítios, nunca lá vi uma medalha. Suponho que os clubes as dão, com todas as informações necessárias, aos jogadores mais valiosos com medo de estes se perderem e poderem assim ser devolvidos. Mas invariavelmente quando estes se perdem há sempre algum clube mais importante que os encontra e fica com eles. E muito convenientemente deita a antiga medalha para o lixo.

Em relação às taças:
Existem no mínimo 24 jogadores em campo (mais ainda se os suplentes jogarem).
Existem no mínimo 90 minutos de jogo (mais ainda com prolongamentos ou mais ainda com o golo de ouro (que nestes tempos politicamente correctos substituiu a "morte súbita")).
E qual é a única coisa em comum a todos os jogadores durante estes intermináveis minutos?
Não são definitivamente os golos porque nem todos os marcam.
Não são definitivamente as lesões porque nem todos as recebem, ou provocam.
Não são definitivamente os insultos à mãe do árbitro porque, com tanto jogador em campo, esse árbitro tem sempre algum primo em pelo menos uma das equipas e ninguém pensará isso da sua própria tia.
Então o que é? Obviamente as escarradelas.
Portanto é só fazer as contas: pelo menos 24 jogadores a 90 minutos de jogo dará um total de 432 pristinas escarradelas, assumindo para cada jogador a média de um escarro por cada 5 minutos. Ora se assumirmos que cada escarro de jogador novo e saudável terá em média um centilitro, teremos então aproximadamente 4,32 litros de verdejante gosma no final do jogo. E qual calculam que será a capacidade máxima de uma taça? Precisamente 5 litros (já a contar com possíveis jogadores e minutos extras).
Mas então porque dão a taça no final do jogo?
Bem... o que é que acham que a equipa perdedora vai ter de fazer com essa taça quando os holofotes se desligarem? Há muito campo para ser limpo!

Óscares:
Se conseguimos, nesta era de cinismo e relativismos, ser valorizados por alguém que não somos, por coisas que não fizemos verdadeiramente e ainda por cima termos sobrevivido durante 2 meses e meio com a comida de um serviço mexicano de catering, muito provavelmente arriscamo-nos a receber um Óscar.
Para quem não sabe, o Óscar não é de inteiramente de ouro. É uma estátua de metal negro (britannium) de 34 cm, de 3.85 Kg, coberta com uma finíssima camada de ouro. Basicamente um dildo de luxo, portanto. Porque, depois de aturarmos a organização de um realizador italiano, a modéstia de uma actriz francesa, a flexibilidade de um produtor alemão e a imaginação de um argumentista belga, a par da generosidade de um financiador escocês, obviamente que precisamos de um "quality time" a sós. E aí nada como um tubo de britannium para relaxar e fazer esquecer durante algum tempo toda a maldita raça humana.

Huum... talvez o Óscar seja mesmo a excepção nesta curta lista de intermináveis e absurdos prémos. Suponho que por isso é até o único prémio que não vem acompanhado de dinheiro para compensar, mas sim com um interminável discurso que, invariavelmente, refere todos aqueles em quem não vamos querer pensar na intimidade do nosso quarto e com o britannium no nosso íntimo!

Tudo ao molho e fé em Deus (ou A sinalização cromática é, deveras, sobrevalorizada)

Ainda a propósito de trânsito e sinalização. Se é certo que há pessoas que entendem as regras de trânsito com 2/3 de informação e outras que só as entendem com uma orgia semiótica, outras há, no entanto, que nem uma coisa nem outra. Isto só comprova aquela teoria do "less is more". Faz um bocado de confusão, é certo, mas eles lá se entendem. É como aquelas pessoas que se entendem no meio da sua desarrumação. No final, o que interessa é que resulte! Ah, já me esquecia - isto foi filmado na Índia.



Parece-me que a solução para acabar com a sinistralidade rodoviária em Portugal é óbvia: acabar com os semáforos e com os sinais de trânsito. Se eles conseguem...

Percebeste, ou queres que te faça um desenho?

Num blogue amigo, foi publicada uma foto de um sinal de trânsito em Espanha, que estava ligeiramente cortado. Mostrava com isto que, por vezes, "dois terços da informação é suficiente". Isto é verdade, quando se trata de um país com pessoas, digamos, inteligentes. Quando se trata de um país com pessoas, digamos, parvas, não só não chega, como é necessário acrescentar mais alguma coisa:


Neste caso, as imagens não valem definitivamente mais que mil palavras...

Última hora!

“Descoberta nova espécie de pirilampo para Portugal”

Oh, meu Deus! Descobriram o pirilampo mágico!

terça-feira, 10 de junho de 2008

São Francisco, problemas de fígado e Tony Ramos

Interroguei-me algum tempo sobre a razão dos coletes que somos obrigados a usar na Fnac terem aquele aspecto de... coletes que somos obrigados a usar na Fnac.

E cheguei a acreditar que seriam bastante úteis na eventualidade de sermos transferidos para o centro de Islamabad para coordenar o trânsito.
É que, com aquele verde limão-verde e aquela barra de côr amarelo-icterícia, certamente passaríamos por sinaleiros islâmicos.
Mas acreditem ou não essa não é a verdadeira razão...
Acho que a intenção daqueles ridículos andrajos é mesmo quebrar a moral e anular a mínima réstea de orgulho de quem os utiliza, um pouco à medida dos uniformes franciscanos com a sua serapilheira e as cintas interiores feitas de espinhos.
Ora como todos sabemos a serapilheira está a preços absurdos (Actualmente só a D.ª Adozinda, de Nine, é que a manufactura e idade já vai pesando!).
E toda a gente sabe como são os preços das rosas e respectivos espinhos! Não amo assim tanto alguém que cá esteja e também não tenho assim tantas saudades de alguém que já tenha finado. Rosas são coisa que decididamente não compro. Já agora um ovo Fabergé para o meu gato brincar, não?
Seja como for aquilo resulta, com o colete posto anulo-me completamente. Vão-se os sonhos, vai-se a alegria, vão-se os sentidos, vem o anulamento total. Entro numa espécie de anti-nirvana e sou zero com o universo. Uma espécie de anti-vida, portanto.
Um dia hei-de ver o Metrópolis a cores porque tenho a certezinha que eles devem usar um igual.
Mas quando o tiro, arrependo-me... dou por mim num vestiário cheio de casacos molhados, meias húmidas e cuecas já secas.
... e geralmente ao lado de um segurança que faria as costas do Tony Ramos parecer o peito do Mikael Carreira. Acho que é por isso que se chamam seguranças, por conseguirem segurar tanto pêlo sem partir a coluna.
Enfim... acho que até começo a ganhar alguma estima ao, agora, bendito colete. Decididamente, há coisas que os olhos humanos não devem ver. Como diria um antigo provérbio Judaico: "O que nos passa pelos olhos passa pelo coração". E o meu coração ainda não me bateu as vezes suficientes para merecer tamanho suplício.

domingo, 8 de junho de 2008

Moisés e os diabetes

Decididamente já não consigo orientar-me numa pastelaria.
Acabo sempre por pedir os mesmos 5 ou 6 bolos, apesar dos outros terem um aspecto muito melhor. Mas que hei-de fazer? Sou do tempo em que existiam meia dúzia de bolos diferentes, ao contrário desta orgia glicémica de hoje. Garanto-vos que tal é a variedade, promiscuidade e lascívia com que eles estão expostos hoje em dia que só me apetece fornicar com a montra antes que Moisés desça da montanha.
Enfim... Sou do tempo em que o bolos de côco se chamavam bolos de côco porque eram bolos e tinham... côco.
Sou do tempo em que o aspecto dos jesuítas, basicamente uma sanduíche triangular de açúcar e massa folhada, era o exacto oposto de um homem alto, austero, vestido de negro e devotado a salvar do extermínio a tribo dos Iparaminguíns, em Cascatas de Irabaçu, no estado de Piramambaína. Ou seja, nome também fácil de fixar.
Sou do tempo em que a nomenclatura dos bolos de feijão funcionava com a mesma simplicidade pristina dos bolos de côco. Sou do tempo em que cepos como eu confundiam bolas de berlinde com bolas de Berlim, mas em todo o caso existiam uns 50% de chance de acertar.
E sou do tempo em que as natas, assim chamadas porque eram feitas de nata, não precisavam de canela e colher para esconder o facto de que, sem estes artíficios, já não sabem a natas à 1984. Mas o certo que com eles também não.
Mas e agora? Como é que eu sei qual o nome daquela delícia de morango com natas e raspas de chocolate?
Arco-íris de São Martinho?
Saias de S.ta Adelaide?
Tornos de Babilónia?
Delícias de anjo à deriva?
E lá penso eu em pedir a nata, que já não sabe a nata, ou o jesuíta, tão fino que poderia fazer a barba com ele, ou o bolo de côco/feijão, em que o côco/feijão foi invariavelmente substituído por mais açúcar e mais ovo. Quanto à bola de Berlim ou berlinde já quase nem a peço. Se já é suficientemente mau não saber os nomes dos bolos de hoje, então vou fazer uma figura de parvo total ao não saber os de ontem.
E lá acabo sempre por pedir uma meia de leite e um croissant a 2 euros e 70...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Muse no Rock in Rio Lisboa

Neste momento, eles soam mais ou menos a isto...


Muse - "Plug in Baby" (Origin of Symmetry)
(Ao vivo no Le Zenith, em Paris.)

Martelinhos, Satanás e a má circulação

Mas afinal para que servem aqueles minúsculos martelinhos vermelhos que encontramos nos transportes públicos?

Quem já acordou num autocarro ou comboio ao doce som do embate do seu próprio crânio na janela durante uma curva brusca sabe perfeitamente que, se o vidro resiste a tamanha pancada, então nem será beliscado com esses ridículos martelinhos.
E reparem que a mensagem na janela nem sequer os refere! Apenas indica "Quebrar vidro em caso de emergência", e não "Quebrar vidro com martelinho ridículo em caso de emergência. Poderão realmente ser necessárias algumas pancadinhas. Por isso o melhor é começar já!"

Mas então para que servirão? Seguem alguns usos adequados a este fabulosamente inofensivo instrumento:

1- Acordar o indivíduo que adormeceu em cima do nosso ombro sem o mínimo risco de o magoar.
2- Bater nas pernas de vez em quando para reactivar a circulação numa viagem Porto-Albufeira.
3- Fazer cócegas nos pés do indivíduo que os pousou ao lado da nossa cabeça.

Um amigo meu comentou um dia que eles só não são roubados porque já todos os portugueses têm um. Mas a questão é precisamente essa!!! Para que raios serve uma coisa daquelas na nossa casa?
Confesso que nem com a imaginação de 42 graus de febre e o respectivo delirium-tremens provocado pela ingestão de carne verde eu consigo perceber.

Talvez esses martelinhos sejam Deus, tal é a sua omnipresença e a sua intangibilidade. Talvez sejam o Demo, tal é a tentação de perceber para que servem e assim nos elevarmos a Deuses. Não foi o fogo de Prometeu forjado à martelada?
Seja como for, acho que os vou tratar com respeito. Nunca se sabe se não me salvarão a alma, se o inquebrável vidro do autocarro me quebrar a mim!

"Mea culpa", cirrose, e uma tasquita na Noruega

Fartei-me... não consigo ter isto dentro do meu peito nem mais um minuto.
São 32 anos de vergonha, 32 anos de remorso, 32 anos de mortificação.
Talvez até nem seja uma surpresa para aqueles que verdadeiramente me conhecem e apreciam (todos os 3) e talvez até eu seja o maior surpreendido mas a verdade é que não é por eles que desabafo. É por mim. Tenho tanto direito à felicidade como qualquer um e, embora carregue tamanha nódoa moral, talvez este meu fardo seja aliviado se o partilhar com alguém.
Muito provavelmente já terão surgido suspeitas aqui e além. Muito provavelmente até esses murmúrios nos sudorosos balneários da escola ou aqueles risinhos infantis das colegas do secundário (haverá algo que magoe mais que esses risinhos?...)enfraqueceram as dobradiças das portas do "meu armário" para hoje eu finalmente sair e gritar ao mundo:
SIM!!!!!!!! SOU DE DIREITA!!!!!!!! E ADORO!!!!!!!!!!!
SINTO-ME BEM ASSIM E NÃO VOU MUDAR!!!!!!!!!
Será preciso justificar-me por a natureza do meu ser ter essa cor? Que posso dizer? Nem sei se tal terá uma origem genética ou cultural. Nem sei se tal origem justificará alguma depravação porque a verdade é que adoro ser assim. Um pouco como um leproso que sente um mórbido prazer em espalhar sal nas suas infames feriadas. Mas tal como a lepra seca, a doença menos contagiosa do mundo, eu juro-vos que nunca tentei proselitar ninguém!
Nunca tentei convencer ninguém que os nazis, com a sua nacionalização da educação, dos transportes, da educação e de outras grandes indústrias declararam a sua oposição ao capitalismo através de uma luta de classes que se deveria tornar pan-mundial.
Nunca tentei convencer ninguém que Hitler assumiu, em A minha luta, que o nacional-socialismo era uma variante do marxismo e herdeiro directo do fascismo italiano.
A diferença entre estes dois últimos? A influência que o nacionalismo exerceria sobre a "classe-operária" seria muito mais forte que a exercida com o sentimento de irmandade dessa "consciência de classe", como no caso soviético.
A semelhança? Ambos os regimes controlariam a economia, mas no nazismo as empresas privadas estariam encarregues de a gerir e seria aquela muito mais eficiente, como infelizmente foi durante vários anos.
Nunca tentei convencer ninguém que Hitler aboliu os sindicatos e a imprensa livre que só em regimes ditos "capitalistas" florescem.
Nunca tentei convencer ninguém que apesar da "tempestade do fascismo" pairar sempre sobre os States quando chove, acaba sempre por ser na Europa (Salazar, Mussolini, Hitler, Enver Hoxha, Ceaucesco, Franco, os Generais gregos dos anos 80, Pinochet, todos os líderes soviéticos, Petain, Tito, e obviamente Carlos Pinto Coelho!)
Que posso mais dizer? Adoro contar anedotas sobre Fidel e a URSS como aquela das quatro catástrofes da agricultura soviética: a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno.
Sou um firme apoiante do estado de Israel porque sei que quando ele cair (e temo bem que não demore muito) nós vamos a seguir.
E acredito que a nossa civilização, JUDAICO-CRISTÃ, é realmente superior e nos deu uma qualidade de vida sem paralelo na história da humanidade.
Adoro todo o conceito do melting pot que só funciona porque está permanentemente aquecido e a borbulhar e que acaba por eliminar o que não interessa. Ao contrário desta intragável e fria sopa do chamado multiculturalismo de hoje que não permite que nada se misture ou desapareça:
Deus nos livre do racismo que obriga um emigrante do Burkina-Faso a aprender alemão caso decida emigrar para a Baviera Central!
Deus nos livre de abolir a excisão existente em grande parte da comunidade guineense cá em Portugal, uma herança cultural tão genuína e inofensiva como o British Tea das 18:45.
Deus nos livre dos taxistas londrinos alguma vez terem de aceitar os cegos com os seus impuros cães-guia dentro do carro.
Deus nos livre de tornarmos a ensinar o Holocausto nas escolas e ofendermos os miúdos muçulmanos que aprendem uma versão bem diferente da história nos sermões de sexta à noite.
E sobretudo Deus nos livre de os portugueses, indepentemente da sua cor ou credo, alguma vez sentirem orgulho no seu passado. Em o analisarem e perceberem que a par de muita asneira feita também tivemos muita coragem e muito suor e basicamente muita seiva nos tintins, pelo menos antes que este fatalismo que se perpetua nos consumisse.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal"... já dizia o cirrósico multi-polar.
Bem... acho que quando emigrar para Flom, na Noruega, também vou exigir os meu direitos! Quero uma igreja católica, um "café central" no meio da vila e ai deles se me obrigarem a aprender Nynorsk ou Bokmal. E obviamente que também não pretendo chegar a horas a lado algum porque isso faz parte da minha herança cultural. E Deus os livre de gozarem com o meu profeta caso Portugal se torne muçulmano antes de eu sair de cá. Quem são eles para alterarem a minha herança cultural? Liberdade sim mas com respeito!!
A liberdade é algo curioso... creio que só existe quando ao discordar do outro sabemos de antemão que não iremos sofrer represálias. Que liberdade existirá quando já sabemos que o "outro" concordará connosco?
Bem... não os farei perder mais tempo com estas linhas. Só queria que soubessem que aprecio imenso a companhia de todos os meus amigos (os 3) e que até sou capaz de sentir saudades vossas quando me for embora.
... e por favor! Não pensem mal de mim por ser de Direita. Sendo uma opção ou algo previamente inserido nos genes é a minha herança e têm de a respeitar!
Um grande abraço

Discos Pedidos # 6, # 7 e # 8

Estes senhores actuam logo no Rock In Rio. Ainda não é desta que vou ter o prazer de os ver ao vivo...


Muse - "Muscle Museum" (Showbiz)


Muse - "Thoughts of a Dying Atheist" (Absolution)


Muse - "Starlight" (Black Holes and Revelations)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

My name is Suparman, Batman Suparman!

Reparem no B.I. deste rapaz de 18 anos, nascido em Singapura.


É fantástico, não é? O curioso é que Suparman é um nome masculino muito comum em Singapura. Mas os pais foram uns brincalhões em acrescentar-lhe o resto: é que Bin tem o significado de “filho de”, ou seja, ele é Batman filho de Suparman!

No sítio onde encontrei esta notícia havia imensos comentários e não resisto a transcrever algo que foi escrito lá. Um dos comentadores imaginava este rapaz no futuro a interagir com alguém e seria mais ou menos assim:

“Mr. Suparman, sir...”
“Please, call me Batman.”

Genial!

Burn After Reading

E já que estamos numa de filmes, não posso deixar de falar no novíssimo filme dos irmãos Coen. É verdade! Ainda há pouco tempo nos presentearam com No Country for Old Men e já há material novo. E pelas imagens parece que vem por aí (mais) um grande filme. Segundo os Coen, é uma comédia (mais propriamente uma comédia negra) sobre o mundo da CIA (um CD que contém as memórias de um ex-agente cai nas mãos erradas), sobre ginásios e encontros pela Internet. O elenco é uma coisa impressionante: Brad Pitt, John Malkovich, Frances MacDormand, Tilda Swinton, George Clooney...

Tenho a dizer que, pelo que vi, John Malkovich e Brad Pitt estão soberbos! (Ah, é verdade o filme tem por título Burn After Reading e estreia em Setembro deste ano.)


(Parece ser certo que os irmãos Coen já começaram a trabalhar no próximo filme. Chama-se A Serious Man, é outra comédia negra e estreará em 2009. O que é que será que estes tipos tomam?)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

The Curious Case of Benjamin Button

É o mais recente filme de David Fincher (Zodiac, Fight Club, Se7en, The Game). É uma adaptação da obra homónima de F. Scott Fitzgerald, conta a história de um homem que envelhece ao contrário e tem como protagonistas Brad Pitt e Cate Blanchett. O primeiro trailer que surgiu na net foi retirado pela produtora, mas ainda é possível encontrar este com dobragem em espanhol. Não interessa! As imagens e o ambiente são de tal forma intrigantes e a música de fundo é tão perturbadora que até podia estar em sânscrito.



(Estreia em Dezembro deste ano.)

terça-feira, 3 de junho de 2008

L. David meets W. Allen? Two thumbs up!

É certo que ainda há poucos dias estreou em Cannes o mais recente fileme de Woody Allen. Chama-se VickyCristinaBarcelona e conta com nomes como Javier Bardem, Scarlett Johansson, Penelope Cruz e Rebecca Hall. Parece que há aqui um ligeiro desequilíbrio: um único tipo interessante e com charme (para quem gostar do género), para muito mulherio jeitoso (idem). Pois, mas o moço dá conta do recado. Ainda há pouco tempo andava a limpar o sebo a tudo o que lhe aparecia à frente no Texas (e não só), e anda agora a saltar para cima de toda a mulher jeitosa que se lhe atravesse no caminho. (A isto é que se chama progressão na carreira!) E não, não estou a exagerar: é o Bardem com a Scarlett, é o Bardem com a Penelope, é o Bardem com a Rebecca, é a Scarlett com a Penelope... Sim, é mesmo isso. Ora vejam lá o teaser:



Bom, não sei muito bem o que esperar do filme. Mas é Woody Allen e isso para mim basta.

E se é certo que este ainda nem estreou nas salas de cinema (penso que só em Agosto), também é certo que já se fala do próximo. Ainda está no segredo dos deuses, mas uma coisa parece certa – Larry David é um dos protagonistas! Larry David e Woody Allen... Eu vou só ali recuperar o fôlego e já volto!

Discos Pedidos # 5

O que eu gosto disto! Bela, bela música!


The Rolling Stones - "She's Like a Rainbow"

Lei de Murphy

Comprei um computador portátil no dia 31 de Maio de 2006. Tinha dois anos de garantia - até ao dia 31 de Maio de 2008. No dia 1 de Junho o leitor e gravador de DVD avariou.
...da-se!