terça-feira, 27 de janeiro de 2009

"The indescribable moments of your life"

Porque tudo nesta música é absolutamente perfeito. Até o momento em que a ouvi pela primeira vez na sala da casa dos meus pais. Dos Smashing Pumpkins conhecia apenas o (fantástico) segundo álbum, Siamese Dream. E depois de ouvir apenas uma música de Mellon Collie and the Infinite Sadness na rádio, aventurei-me corajosamente na compra do duplo álbum numa pequena loja de discos, uma das poucas lojas que resistia teimosamente no 1.º piso escuro e frio de umas galerias comerciais (os primeiros centros comerciais de fim dos anos 80/início dos 90, lembram-se?) que ficavam frente à praia em Espinho. Nesse dia, depois das aulas da manhã terem terminado, lá fui eu, destemida, investir o equivalente a quase dois meses de mesada no meu primeiro álbum duplo, sem saber o que esperar de vinte e tal canções novas!
À tarde, sentei-me para o típico ritual pós-compra: confortavelmente sentada, com o booklet na mão a deliciar-me com as ilustrações e a ler atentamente as letras para não perder uma palavra que fosse. (Vocês sabem como era: um fã que se prezasse sabia as letras todas. Era tão importante estudar as letras como os apontamentos para o teste de Português…)
Lembro-me de ter ficado enternecida e com uma lágrima no olho ao ouvir o piano com que o álbum começa. Mas acho que me tornei refém quando ouvi os primeiros acordes da música que se seguia… "Tonight, Tonight"…
Porque, como disse, tudo nesta música é absolutamente perfeito.



The Smashing Pumpkins - "Tonight, Tonight"

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Os melhores de 2008 (já em 2009...)

O final de Dezembro e o início de Janeiro, seja de que ano for, é normalmente ocasião para se fazer balanços, resumos ou enumerar resoluções e decisões que se pretendem seguir. Nós por cá, também não somos indiferentes a estas coisas. Decidi dar o pontapé de saída e deixar aqui a minha lista daquelas que foram, para mim, algumas das melhores músicas de 2008, limitadas às coisas que conheço (até porque a minha vida não é isto…). É apenas uma lista, que vale pelo que vale. Desafio os meus colegas da Pensão a deixarem cá as suas próprias listas e peço os vossos comentários – para dizer bem ou para me excomungar pelas escolhas e/ou omissões. Então cá vai:

The Last Shadow Puppets – "The age of the understatement" (The Age of the Understatement)
Hercules and Love Affair – "Blind" (Hercules and Love Affair)
MGMT – "Time to pretend" (Oracular Spectacular)
Vampire Weekend – "A Punk" (Vampire Weekend)
Midnight Juggernauts – "Into the galaxy" (Dystopia)
Joan as Policewoman (feat. Rufus Wainwright) – "To America" (To Survive)
Kings of Leon – "Sex on fire" (Only by the Night)
The Black Kids – "I’m not gonna teach your boyfriend how to dance with you" (Partie Traumatic)
The Ting Tings – "That’s not my name" (We Started Nothing)
Sigur Rós – "Goggledigook" (Með suð í eyrum við spilum endalaust)
Frightened Rabbit – "Keep yourself warm" (The Midnight Organ Fight)
Deolinda – "Clandestino" (Canção ao Lado)
Manuel Cruz – "Borboleta" (Foge, Foge Bandido)
The Last Shadow Puppets – "Standing next to me" (The Age of the Understatement)
Dead Combo – "Putos a roubar maçãs" (Lusitânia Playboys)
MGMT – "Kids" (Oracular Spectacular)
Antony and the Johnsons – "Another world" (Another World EP)
X-Wife – "Fireworks" (Are You Ready for the Blackout?)
Bon Iver – "Skinny love" (For Emma, Forever Ago)

O facto de ter colocado duas músicas dos The Last Shadow Puppets e dos MGMT não é engano e não se trata de falta de imaginação. É deliberado, uma vez que para mim foram duas revelações inesperadas e os dois projectos mais interessantes do ano.
Queria também deixar aqui outras referências de 2008 que não figuram na lista, apenas porque não as ouvi tempo suficiente para as indicar sem reservas; são eles os álbuns de Fleet Floxes, The Walkmen, Vetiver, Scout Niblett… Tive conhecimento dos álbuns já mesmo no final do ano e não houve tempo para ouvir com a devida atenção. Mas nada se perde! Se forem dignos de nota, mais cedo ou mais tarde aparecem nos nossos discos pedidos.

Vá lá, deixem as vossas listas e os vossos comentários!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ermesinde? # 4

Jessica Alba

Abe Sapien - The Drowning


Já está disponível num único volume, pela chancela da Dark Horse, a série intitulada Abe Sapien – The Drowning, inicialmente publicada em 5 números pela mão da mesma editora.

Numa história que poderia ser, facilmente, protagonizada pelo B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense) como se tornou um hábito, Mike Mignola – aqui argumentista – optou por, neste caso, evidenciar a personagem de Abe Sapien numa investigação que, salvo um imprevisível e desconcertante auxílio externo, leva a cabo a solo.

Para quem não sabe, Abraham Sapien é um efectivo, de idade desconhecida, do B.P.R.D., grupo responsável pela descoberta, educação e revelação ao mundo do demónio Hellboy (personagens que, aliás, rivalizam na minha lista de preferências), de quem, a par do Professor Trevor Bruttenholm, Abe se considera pupilo. Sendo meramente humano, Langdon Everett Caul, um magnata do século XIX, é vítima da influência de uma entidade aquática de cariz sobenatural, acabando por se tornar uma criatura anfíbia, bípede e cognitiva, um icthyo sapien. É encontrado cerca de 100 anos mais tarde, numa espécie de animação suspensa, dentro de um cilindro com água, rotulado “14 de Abril de 1865” – o ano do assassinato de Lincoln. Destas características vai extrair os seus novos nome e identidade: Abraham Sapien.

Em The Drowning, passado em 1981, após uma ausência por tempo indeterminado de Hellboy, ascendendo já a 2 anos, um inexperiente Abe é enviado à ilha de Saint-Sébastien, a oeste da costa francesa, numa simples missão de recuperação de um lendário objecto naufragado. Rapidamente misturando um investigador victoriano do paranormal, um bruxo holandês, um mártir cristão, uma população padecendo de lepra, um obscuro artefacto tibetano e a ancestral filha de uma divindade marítima, de forma aparentemente desconexa, mas cuja coesão vai buscar ao desenlace da história, o enredo cedo se mostra superior e críptico demais face à experiência de Sapien que, inevitavelmente, se transforma num peão das forças escondidas na periferia da sua (e da nossa) compreensão, ao mesmo tempo que mais alguns poucos aditamentos vão enriquecendo a sua própria enigmática origem.

Numa reviravolta artística, os desenhos ficam a cargo do excelente Jason Shawn Alexander – autor de Damn Nation, por exemplo, também pela Dark Horse – cujo traço actual o aproxima de um estilo mais independente, ao passo que as cores continuam a ser do imperativo e multi-galardoado Dave Stewart. O argumento (e a capa), como já referi, é da autoria de Mike Mignola.

Abe Sapien – The Drowning não é original para quem está habituado ao universo do B.P.R.D. e deste tipo de imaginário, mas é exactamente o que se espera: imersivo, soturno, carismático e estimulante. As correlações entre mitologia, folclore e imaginação denotam um génio inventivo e, culturalmente, significativo. Se o fosse (original, entenda-se), deixaria de ser o que é para ser outra coisa qualquer.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Fresco!

Meus caros, este é o panorama que eu enfrento sempre que saio de casa, nestes últimos 4 ou 5 dias...

O mundo foi engolido por uma mancha branca...




Pode não parecer, mas esta imagem aqui em cima, é um rio...



A temperatura mínima diária tem variado entre os -11 e os -18 Graus Celsius. Ontem tive de sair à rua, durante cerca de hora e meia, e deixei de sentir o rabo, de tanto frio que estava... Tentei correr, mas não adiantou. É simplesmente demasiado frio para um português! Foi uma caminhada de cerca 8 kms, numa cidade completamente plana, e não foi agradável... O que confirma em pleno a minha ideia de que escalar esta mesma distância, com temperaturas entre -25 e -40 Graus Celsius é extremamente parvo! Saltar para a frente de um camião na A1 é mais rápido, menos dispendioso e provavelmente, menos agonizante. E a probabilidade de perder extremidades do corpo é sensivelmente a mesma.

Ermesinde? # 3


Evangeline Lilly

Ermesinde? # 2


Gisele Bündchen

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ermesinde? # 1


Monica Bellucci.

Nova - Annihilation Conquest


Como alguns (poucos) poderão saber, enquanto a
Marvel Comics concentrava todos os seus esforços (e a atenção dos fãs) no evento conhecido como Civil War em que (de forma muito sucinta) os mais populares heróis da editora se dividiram em duas facções antagónicas com interpretações opostas dos conceitos de lei e justiça, e cuja consequência mais importante terá sido a morte do Capitão América (muito metafórico, por sinal!), decorreu, paralelamente, uma saga intitulada Annihilation, que contava com algumas das mais interessantes e (incompreensivelmente) maltratadas personagens do universo Marvel como o Surfista Prateado, Nova ou Galactus, a par de um punhado de não-tão famosos heróis ou, simplesmente, ilustres desconhecidos.

Enquanto na Terra a confusão é total (na história que referi no início do post), Annihilation passa-se em pleno espaço sideral, uma autêntica Ilíada de proporções cósmicas, o Universo a ferro e fogo. Annihilus (o inimigo do Quarteto Fantástico conhecido, em Portugal e no Brasil, como o "Aniquilador") liberta a Annihilation Wave (a frota imperial da dimensão paralela chamada Zona Negativa) no meio da nossa realidade, tendo o genocídio como único objectivo. O seu poder é de tal forma destrutivo, que alguns ex-arautos do temível Galactus são mortos, colocando em risco a própria existência da entidade "devoradora de mundos".

Ficção científica pura, embora as equipas criativas não sejam de primeiro plano, o argumento é bastante interessante e consistente, digno da aprovação dos adeptos do género - numa época em que a FC quase desapareceu de todos os meios culturais e de comunicação, é sempre com alguma expectativa que a recepção deste tipo de imaginário é efectuada. Dada a notória escassez de meios, no entanto, não acredito que a Marvel previsse o apreço que a saga granjeou por parte dos leitores, sendo que daí resultaram algumas séries de comics.

Uma dessas séries intitula-se Nova e acompanha a personagem do mesmo nome no rescaldo da guerra cósmica que, tendo sobrevivido, continua a praticar o serviço que sempre prestara antes da tragédia. A saber: Xandar foi um dos primeiros "planetas" a ser destruído pela Annihilation Wave; a comunidade xandariana criara um espécie de polícia galáctica, a Nova Corps, composta por efectivos de todos os cantos do Universo (aos quais era atribuida uma parcela ínfima da energia chamada nova force) e estruturada hierarquicamente - da Terra contava com Richard Ryder; após o ataque de Annihilus, toda a Nova Corps foi extinta com excepção de Richard; a entidade (meio energética, meio informática) Worldmind, responsável pela gestão da Nova Corps, da nova force e pela preservação da cultura xandariana, numa atitude desesperada de sobrevivência (característica, aliás, muito humana) imbuiu Richard de toda a nova force, antes distribuida pelos efectivos da corporação, ao mesmo tempo que se "instalou" no cérebro e espalhou por todo o seu corpo; de forma a que Ryder não enlouquecesse, Worldmind, alterou o seu fato para que contivesse, mais facilmente, a energia indescritível que o passou a percorrer; Nova ascendeu à categoria de centurião, passando a ser um regimento de um só homem. É extremamente inteligente a dicotomia paradoxal entre Nova e Worldmind, uma vez que o primeiro arrisca a existência de ambos no cumprimento dos deveres da Nova Corps (razão pela qual Worldmind foi criado), por oposição às directivas de preservação do segundo, que tem como objectivo ser "descarregado" num lugar seguro, onde possa criar uma outra Nova Corps, para levar a cabo o que Richard já está a fazer.

Como a maioria dos comics mensais, a história está ser coligida em trade paperbacks (já existem dois), cujo primeiro volume se intitula Nova - Annihilation Conquest. O argumento fica a cargo do multi-facetado Dan Abnett (considerado um dos melhores escritores de Warhammer 40'000) e Andy Lanning e os desenhos são de Sean Chen e Scott Hanna. É aconselhável lerem primeiro a saga Annihilation, também em TPB.