sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Mea culpa", cirrose, e uma tasquita na Noruega

Fartei-me... não consigo ter isto dentro do meu peito nem mais um minuto.
São 32 anos de vergonha, 32 anos de remorso, 32 anos de mortificação.
Talvez até nem seja uma surpresa para aqueles que verdadeiramente me conhecem e apreciam (todos os 3) e talvez até eu seja o maior surpreendido mas a verdade é que não é por eles que desabafo. É por mim. Tenho tanto direito à felicidade como qualquer um e, embora carregue tamanha nódoa moral, talvez este meu fardo seja aliviado se o partilhar com alguém.
Muito provavelmente já terão surgido suspeitas aqui e além. Muito provavelmente até esses murmúrios nos sudorosos balneários da escola ou aqueles risinhos infantis das colegas do secundário (haverá algo que magoe mais que esses risinhos?...)enfraqueceram as dobradiças das portas do "meu armário" para hoje eu finalmente sair e gritar ao mundo:
SIM!!!!!!!! SOU DE DIREITA!!!!!!!! E ADORO!!!!!!!!!!!
SINTO-ME BEM ASSIM E NÃO VOU MUDAR!!!!!!!!!
Será preciso justificar-me por a natureza do meu ser ter essa cor? Que posso dizer? Nem sei se tal terá uma origem genética ou cultural. Nem sei se tal origem justificará alguma depravação porque a verdade é que adoro ser assim. Um pouco como um leproso que sente um mórbido prazer em espalhar sal nas suas infames feriadas. Mas tal como a lepra seca, a doença menos contagiosa do mundo, eu juro-vos que nunca tentei proselitar ninguém!
Nunca tentei convencer ninguém que os nazis, com a sua nacionalização da educação, dos transportes, da educação e de outras grandes indústrias declararam a sua oposição ao capitalismo através de uma luta de classes que se deveria tornar pan-mundial.
Nunca tentei convencer ninguém que Hitler assumiu, em A minha luta, que o nacional-socialismo era uma variante do marxismo e herdeiro directo do fascismo italiano.
A diferença entre estes dois últimos? A influência que o nacionalismo exerceria sobre a "classe-operária" seria muito mais forte que a exercida com o sentimento de irmandade dessa "consciência de classe", como no caso soviético.
A semelhança? Ambos os regimes controlariam a economia, mas no nazismo as empresas privadas estariam encarregues de a gerir e seria aquela muito mais eficiente, como infelizmente foi durante vários anos.
Nunca tentei convencer ninguém que Hitler aboliu os sindicatos e a imprensa livre que só em regimes ditos "capitalistas" florescem.
Nunca tentei convencer ninguém que apesar da "tempestade do fascismo" pairar sempre sobre os States quando chove, acaba sempre por ser na Europa (Salazar, Mussolini, Hitler, Enver Hoxha, Ceaucesco, Franco, os Generais gregos dos anos 80, Pinochet, todos os líderes soviéticos, Petain, Tito, e obviamente Carlos Pinto Coelho!)
Que posso mais dizer? Adoro contar anedotas sobre Fidel e a URSS como aquela das quatro catástrofes da agricultura soviética: a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno.
Sou um firme apoiante do estado de Israel porque sei que quando ele cair (e temo bem que não demore muito) nós vamos a seguir.
E acredito que a nossa civilização, JUDAICO-CRISTÃ, é realmente superior e nos deu uma qualidade de vida sem paralelo na história da humanidade.
Adoro todo o conceito do melting pot que só funciona porque está permanentemente aquecido e a borbulhar e que acaba por eliminar o que não interessa. Ao contrário desta intragável e fria sopa do chamado multiculturalismo de hoje que não permite que nada se misture ou desapareça:
Deus nos livre do racismo que obriga um emigrante do Burkina-Faso a aprender alemão caso decida emigrar para a Baviera Central!
Deus nos livre de abolir a excisão existente em grande parte da comunidade guineense cá em Portugal, uma herança cultural tão genuína e inofensiva como o British Tea das 18:45.
Deus nos livre dos taxistas londrinos alguma vez terem de aceitar os cegos com os seus impuros cães-guia dentro do carro.
Deus nos livre de tornarmos a ensinar o Holocausto nas escolas e ofendermos os miúdos muçulmanos que aprendem uma versão bem diferente da história nos sermões de sexta à noite.
E sobretudo Deus nos livre de os portugueses, indepentemente da sua cor ou credo, alguma vez sentirem orgulho no seu passado. Em o analisarem e perceberem que a par de muita asneira feita também tivemos muita coragem e muito suor e basicamente muita seiva nos tintins, pelo menos antes que este fatalismo que se perpetua nos consumisse.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal"... já dizia o cirrósico multi-polar.
Bem... acho que quando emigrar para Flom, na Noruega, também vou exigir os meu direitos! Quero uma igreja católica, um "café central" no meio da vila e ai deles se me obrigarem a aprender Nynorsk ou Bokmal. E obviamente que também não pretendo chegar a horas a lado algum porque isso faz parte da minha herança cultural. E Deus os livre de gozarem com o meu profeta caso Portugal se torne muçulmano antes de eu sair de cá. Quem são eles para alterarem a minha herança cultural? Liberdade sim mas com respeito!!
A liberdade é algo curioso... creio que só existe quando ao discordar do outro sabemos de antemão que não iremos sofrer represálias. Que liberdade existirá quando já sabemos que o "outro" concordará connosco?
Bem... não os farei perder mais tempo com estas linhas. Só queria que soubessem que aprecio imenso a companhia de todos os meus amigos (os 3) e que até sou capaz de sentir saudades vossas quando me for embora.
... e por favor! Não pensem mal de mim por ser de Direita. Sendo uma opção ou algo previamente inserido nos genes é a minha herança e têm de a respeitar!
Um grande abraço

3 comentários:

Kaamuz disse...

Sei que não tenho nada a ver com isto, mas... tudo isto soa um pouco confuso.
Bem... de qualquer forma ocorreu-me partilhar este link:
http://www.myspace.com/publictoys1

Acho que há para aí uma música que pode interessar.

Soneca disse...

Nããa! Tu, de Direita??
Só não sabe isso, quem não te conhece.:)

Pois é! Não sei se estou incluída nos 3 amigos (se não, passam a ser 4), mas não percebo o teu problema. Como é que eu, que não sou de direita (mas também não verdadeiramente à esquerda), hei-de dizer isto? És o gajo de direita mais canhoto que conheço. Não te quero insultar, quero apenas dizer que não tens aqueles tiques de "Deus, Pátria, Família" que tantam caracterizam a direita cá em Portugal: conservadora, hipocritamente íntegra e confortável na sua vidinha burguesa. Se a direita fosse como tu, estava decidida!

E antes seres de Direita, do que seres a-político - é com esses que me preocupo verdadeiramente!

Anónimo disse...

Ehehe...
Sim, Soneca, sem mais demoras obviamente que estás incluída nos 3 (E olha que um já quinou portanto mesmo que te aconteça alguma desgraça continuas a fazer parte deste clube tão elitista portanto podes estar descansada).
Quanto à Direita cá em Portugal... bem... não me indentifico de todo com ela. Uma Direita que tem vergonha de dizer que não é socialista não é realmente a "minha" direita .
Sou de Direita na medida em que gosto de um Estado pequeno e que se meta o mínimo possível na minha vida, e nos meus bolsos. Um estado que só assuma necessidades básicas como educação ou saúde mas em que as pessoas percebam que esses cuidados básicos nunca terão a mesma qualidade das empresas privadas portanto que comecem já hoje a fazer pela vida em vez de se queixarem e exigir subsídios.
E em que os cidadãos tenham a máxima liberdade possível e sejam responsáveis pelos seu actos e não constantemente etiquetadas de "vítimas" com direito à 1232185156º oportunidade e com a 1232185157ª assegurada em caso de falha da anterior. Não percebo programas caríssimos como "Nenhuma criança deixada para trás" tão em voga no sistema educacional Americano, e na Europa com outros nomes. Porque não haveremos de deixar uma criança para trás? Assumindo que não tenha uma deficiência ela que estudasse! E assim talvez os pais começem a pressionar os seus "meninos" para queimarem mais as pestanas.
Basicamente e parafranseando Eisenhower (Um republicano pelo qual não tenho grande estima):
"For total security, go to prison. There you're fed, clothed, given medical care and so on. The only thing lacking is freedom". E para mim a liberdade é isso, é nem sequer depender do estado.
Mas não quero estar aqui com lições de moral portanto peço desculpas se tal transpareceu. Seja como for um grande abraço e desculpa o abuso do tempo de antena.