terça-feira, 10 de junho de 2008

São Francisco, problemas de fígado e Tony Ramos

Interroguei-me algum tempo sobre a razão dos coletes que somos obrigados a usar na Fnac terem aquele aspecto de... coletes que somos obrigados a usar na Fnac.

E cheguei a acreditar que seriam bastante úteis na eventualidade de sermos transferidos para o centro de Islamabad para coordenar o trânsito.
É que, com aquele verde limão-verde e aquela barra de côr amarelo-icterícia, certamente passaríamos por sinaleiros islâmicos.
Mas acreditem ou não essa não é a verdadeira razão...
Acho que a intenção daqueles ridículos andrajos é mesmo quebrar a moral e anular a mínima réstea de orgulho de quem os utiliza, um pouco à medida dos uniformes franciscanos com a sua serapilheira e as cintas interiores feitas de espinhos.
Ora como todos sabemos a serapilheira está a preços absurdos (Actualmente só a D.ª Adozinda, de Nine, é que a manufactura e idade já vai pesando!).
E toda a gente sabe como são os preços das rosas e respectivos espinhos! Não amo assim tanto alguém que cá esteja e também não tenho assim tantas saudades de alguém que já tenha finado. Rosas são coisa que decididamente não compro. Já agora um ovo Fabergé para o meu gato brincar, não?
Seja como for aquilo resulta, com o colete posto anulo-me completamente. Vão-se os sonhos, vai-se a alegria, vão-se os sentidos, vem o anulamento total. Entro numa espécie de anti-nirvana e sou zero com o universo. Uma espécie de anti-vida, portanto.
Um dia hei-de ver o Metrópolis a cores porque tenho a certezinha que eles devem usar um igual.
Mas quando o tiro, arrependo-me... dou por mim num vestiário cheio de casacos molhados, meias húmidas e cuecas já secas.
... e geralmente ao lado de um segurança que faria as costas do Tony Ramos parecer o peito do Mikael Carreira. Acho que é por isso que se chamam seguranças, por conseguirem segurar tanto pêlo sem partir a coluna.
Enfim... acho que até começo a ganhar alguma estima ao, agora, bendito colete. Decididamente, há coisas que os olhos humanos não devem ver. Como diria um antigo provérbio Judaico: "O que nos passa pelos olhos passa pelo coração". E o meu coração ainda não me bateu as vezes suficientes para merecer tamanho suplício.

5 comentários:

Soneca disse...

Quero só acrescentar mais uma coisa. Os coletes devem ter efeitos demoníacos e a sua influência permanece muito depois de serem usados: é que já não é a 1.ª vez que vejo clientes a abordarem funcionários que estão na loja, mas sem coletes pois não estão a trabalhar, e fazerem perguntas sobre determinados livros. E fazem-no, mesmo quando há um grande grupo de pessoas igualmente "descoletadas". Sem qualquer hesitação... Acho isto altamente suspeito! As pessoas teriam o mesmo comportamento perante um frade Franciscano com hábito e um sem hábito?

Anónimo disse...

Huumm..

Não me tinha lembrado disso. Suponho que há realmente um "efeito residual" como os dos olhos azuis no "Dune" por causa da especiaria.
E o certo é que mesmo nas folgas eu sinto falta de algo, sinto demasiado tempo livre e vejo-me perante demasiadas opções e cores e cheiros e sabores e sons e... ARRGGHHHHHHHH EU QUERO IR TRABALHAR!!!!!!!!!!!

Curufinwë disse...

Não sei onde trocas de roupa, mas eu, para já, ainda só encontrei cuecas já secas.

Curufinwë disse...

O factor residual está, definitivamente, comprovado uma vez que eu padeço dos seus efeitos. A saber:

- fui eu o indivíduo abordado sem colete, quando rodeado de, pelo menos, 3 "coletados";
- dou por mim a arrumar, com frequência, as prateleiras de qualquer estabelecimento comercial, aquando das minhas incursões civis;
- informo clientes, fora do expediente e sem ser solicitado, acerca da diponibilidade de certos artigos, quando denoto a inexperiência de certos colegas mais jovens (os quais ainda não estiveram expostos tempo suficiente aos efeitos nefastos do colete vudu) a insinuar-se nos seus tímidos olhares e nas suas vozes trémulas.

Ouvi dizer, mas não pude comprovar, que influência do colete se processa através de um processo de absorção cutânea...

Gonçalo disse...

como colega "sinaleiro de Islamabad" do sul....tb venho comprovar o efeito residual:
- tb eu costumo arrumar prodtudos de outras lojas;
- ajudar clientes fora do horário de trabalho é normal...:S
- sou tb frequentemente abordado por clientes, qd estou sem colete, não sou na fnac, mas tb em outras lojas!!!! (mesmo não estando a arrumar os produtos)